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Libor vai acabar em 2021
As autoridades britânicas pretendem terminar com a Libor no final de 2021. O regulador britânico considera que esta taxa já não é sustentável devido à falta de transacções que forneçam dados.
As autoridades britânicas pretendem retirar do mercado a Libor, taxa média interbancária no mercado monetário, a partir de 2021 e substituí-la por um sistema mais fiável. Andrew Bailey, líder da britânica Financial Conduct Authority (FCA), adiantou esta quinta-feira, 27 de Julho, que a libor é insustentável devido à falta de transacções que forneçam dados.
"Não acreditamos que vamos completar a viagem para benchmarks baseados em transacções se os mercados continuarem a depender da actual forma da Libor", disse o responsável, citado pela Bloomberg. "O painel de banca apoia a Libor actual até ao final de 2021, o que vai permitir uma transição planeada e executada de forma suave", acrescentou.
A Libor é usada em, por exemplo, na definição das taxas do crédito à habitação e empréstimos para estudantes. Andrew Bailey disse ainda que o apoio do mercado à Libor já não é "suficientemente activo" para determinar uma taxa fiável e, nesse sentido, é necessário encontrar alternativas.
"A ausência de um mercado subjacente activo levanta questões sérias sobre a sustentabilidade da taxa de referência da Libor", referiu. A FCA começou a regular a Libor em 2013. E nesse mesmo ano, legislação sobre este tema foi aprovada, apontando assim que é uma ofensa criminal agir de forma enganosa em relação às taxas de referência financeiras.
A Libor e os escândalos
"Resultado de uma grande pesquisa e de um pouco de matemática, a Libor ajuda a fixar taxas de juro no mundo inteiro, influenciando o preço de mais de 300 biliões de dólares em hipotecas, empréstimos e derivados. Apesar da sua omnipresença, pouca gente fora do mundo das finanças tinha ouvido falar da Libor antes de 2012, quando reguladores descobriram que alguns bancos – entre eles o Barclays, o UBS e o Citigroup –, em conluio, tinham conspirado para manipular a taxa de juro de referência, sendo então alvo de uma multa de 9 mil milhões de dólares". É assim que começa um artigo da Bloomberg do final do ano passado.
Os escândalos em torno da manipulação da Libor fizeram correr muita tinta. Em 2012, Tom Hayes foi acusado pela primeira vez pelas autoridades norte-americanas tendo-se tornado, desde então, o principal rosto deste caso de crime de mercado. Em 2013, foi ouvido num total de 82 horas pelo departamento britânico de combate à fraude, onde terá descrito o esquema que desenvolveu e nomeado alguns dos seus cúmplices.
Hayes terá iniciado o esquema de manipulação da Libor no Verão de 2006, quando trabalhava em Tóquio para o UBS, e apenas terminou esta prática após ser demitido do Citigroup em Setembro de 2010.
Precisamente o UBS terá tido, inclusivamente, um guia sobre como fixar a Libor.
Tom Hayes foi condenado a 14 anos de prisão após ser considerado culpado de conspiração na manipulação da taxa Libor, tendo a pena sido reduzida após um recurso de Hayes.