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Investidor que apostou na queda do Lehman há 10 anos ainda reclama 170 mil dólares
Whitney Tilson fez uma fortuna quando o Lehman faliu, mas continua a reclamar ao Goldman mais 170 mil dólares.
Já passou uma década desde que o então gestor de fundos Whitney Tilson, de Nova Iorque, ganhou milhões de dólares ao apostar na queda do Lehman Brothers. Mas ainda reclama parte do lucro que não chegou ao seu bolso.
Tilson tem aproximadamente 170.000 dólares presos numa conta do Goldman Sachs Group porque não devolveu 68.013 acções do Lehman que tomou emprestadas do Goldman para realizar a operação.
O responsável afirma que o Goldman não liberta o dinheiro com o argumento de que os accionistas podem ter algo a receber como parte do processo de falência do Lehman, que ainda está em curso. O Goldman recusou-se a comentar sobre o problema de Tilson ou informar quantos investidores estão na mesma situação.
"Eu achei que a obrigação de devolver 68.013 acções tinha sido extinta quando a instituição faliu", disse Tilson. "Eu estava errado."
Quem vendeu acções do Lehman a descoberto ganhou fortunas nos meses anteriores ao colapso, em Setembro de 2008, o acontecimento que desencadeou a maior crise financeira mundial desde a Grande Depressão.
Na venda a descoberto, um investidor aposta na queda no preço de determinada acção paga uma taxa para angariar títulos emprestados de uma corretora (neste caso, o Goldman) e então vende estes títulos no mercado quando o preço cai. O investidor depois recompra a mesma quantidade de acções a um preço menor e devolva-as à corretora, cobrindo a posição descoberta.
Aposta (quase) perfeita
Tilson fez este tipo de apostas com acções do Lehman pela primeira vez após acompanhar uma apresentação do gestor de fundos da Greenlight Capital, David Einhorn, em Novembro de 2007, na qual o gestor destacou que o banco tinha muitos activos tóxicos e excesso de alavancagem. Na altura, a acção do Lehman era negociada acima dos 60 dólares. Tilson repetiu a dose no início de Setembro de 2008, quando o papel era cotado a 17 dólares. Uma semana depois, o Lehman pediu falência e a acção bateu nos 15 cêntimos.
Em vez de recomprar as acções para devolvê-las ao Goldman – o que teria obrigado Tilson a reconhecer o ganho e pagar impostos sobre o mesmo —, o investidor optou por não cobrir a posição a descoberto, presumindo que as acções do Lehman seriam eventualmente anuladas.
Não foi bem assim. O Lehman anulou todas as acções existentes em Março de 2012, mas tomou a decisão atípica de emitir uma nova acção ordinária para substituir a anterior. Ex-accionistas são agora donos de uma parte dessa nova acção. Tilson afirma que o Goldman retém 2,50 dólares por cada acção emprestada apenas para a eventualidade de os accionistas — geralmente os últimos da fila na hora de receber o que é devido — conseguirem recuperar algum valor.
De acordo com as exigências regulatórias dos EUA, quem vende a descoberto precisa de manter uma margem de 2,50 dólares por acção se a acção for cotada abaixo de 5 dólares. Ou seja, até aquela única acção ser cancelada, Tilson está de mãos atadas. Embora credores estejam a receber algum dinheiro nestas últimas etapas judiciais da falência do Lehman, é praticamente impossível os accionistas reaverem qualquer quantia.
Tilson só se deu conta de que estava sem saída em Outubro do ano passado, quando decidiu encerrar o seu fundo, chamado Kase Capital Management.
"O meu alerta para quem vende a descoberto: é preciso cobrir a posição descoberta em algum momento antes que a acção deixe de ser negociada", afirmou Tilson, realçando que está aliviado por não precisar de pagar multas por ter aproveitado a falha. "Não sejam chicos-espertos para evitar pagar impostos."