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Greenspan avisa que há duas bolhas em Wall Street
O antigo presidente da Reserva Federal norte-americana alerta que a política de Trump pode provocar duas bolhas financeiras.
Conhecido pela expressão "exuberância irracional", que usou há 21 anos para alertar para uma possível bolha nos activos tecnológicos, Greenspan volta à mesma frase para classificar o actual estado do mercado da dívida nos Estados Unidos. Numa entrevista à estação televisiva Bloomberg, Alan Greenspan avisa que há duas bolhas prestes a rebentar, uma no mercado das acções e outra no das obrigações soberanas: "No final do dia, a bolha do mercado de títulos de dívida acabará por ser uma questão crítica mas para já não está assim tão mau".
Uma conjuntura negativa que aos olhos do antigo líder da Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos se deve à política financeira de Donald Trump. No mês passado, o presidente norte-americano aprovou uma lei que corta os impostos em 1,5 biliões de dólares. Os críticos já apontaram o dedo e avisaram que esta medida irá agravar ainda mais o buraco financeiro no orçamento dos Estados Unidos.
Por isso, Greenspan mostrou-se surpreendido que o presidente norte-americano não tenha explicado no seu discurso de terça-feira à nação de que forma vai conseguir mais fundos estatais para financiar novas medidas. Greenspan, que comandou os destinos da Fed entre 1987 e 2006, responsabiliza esta política de descida de impostos, numa altura de aumento da dívida pública, pelo risco de duas bolhas financeiras, nas acções e nas obrigações do tesouro. "O que está por detrás da bolha? Bom, na verdade, é porque estamos perante um crescimento do défice público", diz Greenspan. E sublinha: "A dívida tem vindo a crescer muito significativamente e nós não estamos a prestar a devida atenção".
A par destas medidas, esta quarta-feira, a Fed decidiu manter a taxa de juro de referência e antecipou que este ano a inflação deverá acelerar.
As bolsas norte-americanas estão há vários meses a atingir máximos históricos e em 2018 já ganham quase 6%. As obrigações norte-americanas têm perdido valor nas últimas sessões devido às perspectivas de subida da inflação, com a "yield" dos títulos a 10 anos a superar os 2,7% pela primeira vez desde 2014.