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GRANOLAS são donas e senhoras da nova década nos mercados europeus

Se, na altura da crise, as maiores empresas da Europa por capitalização de mercado estavam concentradas nos setores da banca, do petróleo ou das telecomunicações, agora o cenário alterou-se. Quem lidera são as farmacêuticas e as tecnológicas.

Reuters
03 de Maio de 2020 às 15:00
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Na última década, a configuração das maiores empresas europeias em termos de capitalização de mercado alterou-se. Se antes o setor bancário, as petrolíferas ou as empresas de telecomunicação dominavam o espectro na Europa, agora as mais valiosas estão concentradas no setor farmacêutico e tecnológico, segundo um estudo do Goldman Sachs. 

O banco de investimento definiu o grupo das "big-11" europeias como GRANOLAS, do qual fazem parte a Glaxosmithkline, Roche, ASML, Nestlé, Novartis, Novo Nordisk, L’Oreal, LVMH, Astrazeneca, SAP e a Sanofi. E serão estas, segundo o estudo realizado, quem vai liderar a próximo ciclo. 

"Achamos que os líderes do próximo ciclo serão empresas capazes de gerar crescimento de lucros, pagamentos de dividendos sustentáveis, e que tenham balanços saudáveis. Nem todas as empresas que compões as GRANOLAS poderão cumprir estes requisitos, mas juntas achamos que oferecem alguma qualidade em termos de crescimento, estabilidade e lucro", pode ler-se na nota divulgada pelo Goldman Sachs.

Desde a crise financeira global, o Stoxx 600, índice que reúne as 600 maiores cotadas da Europa, valorizou 220%. Mas dentro deste aglomerado destacaram-se os setores ligados à saúde (+388%), aos bens de consumo (+385%) e à tecnologia (+355%) - enquanto que os setores historicamente mais fortes na Europa, como o petrolífero, bancário ou das telecomunicações conheceram ganhos de 48%, 50% e 84%, respetivamente. 


"Os índices mudaram. Há 20 anos, no início de 2000, as 10 maiores empresas da Europa eram todas do setor das telecomunicações e do petróleo, com exceção de um banco (HSBC)", escreveram os analistas do banco de investimento norte-americano, acrescentando que "esta mudança foi uma consequência do contexto de taxas de juros muito baixas e de maior aversão ao risco que caracterizaram o mundo pós grande crise financeira global". 

O Goldman Sachs admite que é natural que os mercados estejam em constante mutação, mas aponta os exemplos do Japão e dos Estados Unidos como países cujas maiores empresas se mantêm no topo há varias décadas. Mostram que 5 das 10 maiores empresas nipónicas em 2000 se mantêm no top 10 em termos de "market cap" (Toyota, NTT, NTT Docomo, Softbank e Sony). E mesmo nos Estados Unidos, 2 das 10 maiores cotadas da altura ainda constam do top 10 (Microsoft e Walmart).

Na Europa, das 10 maiores cotadas atualmente, nenhuma figurava na tabela das maiores empresas por capitalização de mercado no início deste século. 

"Podemos argumentar que a Europa mudou radicalmente face a outros mercados desenvolvidos. E enquanto nos Estados Unidos a mudança foi mais óbvia, uma vez que entre as 10 melhores empresas estão novas 'super-tech', no caso da Europa as maiores de agora já existem há muito tempo", acrescenta. 

Outra diferença apontada pelo Goldman Sachs é que as maiores empresas dos anos 2000 na Europa perderam a maior parte do seu valor de forma drástica.

O banco de investimento coloca as empresas que compõem as GRANOLAS como um "apetitoso grupo de cotadas", tendo em conta o desempenho do seu lucro, crescimento e estabilidade. 

Em termos de crescimento, os analistas referem que as empresas em questão estão a crescer muito mais rapidamente do que o mercado (como se pode ver no quadro abaixo, à esquerda). Ao passo que os ganhos do mercado geral estão abaixo do pico de 2007, os ganhos das GRANOLAS estão 100% acima. E o impacto do coronavírus só vai reforçar essa diferença, indicam.

Nos lucros, o Goldman Sachs refere que as GRANOLAS apresentam todas uma rendibilidade de dividendo atrativa (ver quadro abaixo, à direita). E "os seus dividendos devem continuar a ser sustentáveis e continuar a subir a longo prazo". 

Outra das caraterísticas sublinhadas pelo banco de investimento é a estabilidade deste grupo de cotadas na Europa, que têm conseguido manter-se num patamar muito mais estável face à média do mercado. 

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