Notícia
Financeiras vulneráveis a intensificação de riscos nos próximos meses, alerta FMI
O aumento das taxas de juro pode tornar as entidades financeiras não bancárias - como fundos de pensões, seguradoras e "hedge funds" - mais vulneráveis e consequentemente ameaçar a estabilidade financeira, avisa o FMI, apelando a uma regulação e supervisão mais "robustas".
Os juros altos podem deixar as entidades financeiras mais vulneráveis nos próximos meses, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório de estabilidade financeira global publicado esta terça-feira. A organização avisa que as autoridades devem agir para evitar que estes riscos venham a representar uma ameaça à estabilidade do sistema financeiro mundial como um todo.
"As mais recentes tensões vividas por alguns bancos europeus e dos EUA são um poderoso lembrete das elevadas vulnerabilidade financeiras que surgiram ao longo de anos de baixas taxas de juro, reprimida volatilidade e ampla liquidez", refere o relatório liderado pelo vice-diretor do departamento monetário e de mercados de capitais Fabio Natalucci e assinado em conjunto com Antonio Garcia Pascual e Thomas Piontek.
Ora, "estes riscos podem intensificar-se nos próximos meses, à medida que continua o endurecimento da política monetária, tornado sobretudo importante compreender e salvaguardar esta extensa franja do setor financeiro composta por um conjunto de instituições que vão além dos bancos", acrescentam os especialistas.
O relatório aponta para entidades financeiras não bancárias (na sigla inglesa NBFI) como é o caso de seguradoras, fundos de pensões ou "hedge funds". Como nota o FMI, o crescimento deste setor "acelerou após a crise financeira, contando atualmente com quase 50% dos ativos financeiros a nível global", pelo que o seu bom funcionamento é "vital para a estabilidade financeira".
A par do crescimento rápido, na última década as vulnerabilidades aumentaram, ficando agora visíveis com o aumento das taxas de juro dos bancos centrais para travar a inflação. Um dos riscos mais patentes é o recurso a endividamento para investir.
"As baixas taxas de juro e a volatilidade dos preços dos ativos tem incentivado os investidores e instituições a recorrerem à alavancagem para impulsionar os retornos" do investimento, refere o relatório.
No entanto, "as vulnerabilidades decorrentes da alavancagem podem ser desconhecidas tanto das autoridades como dos 'players' do mercado já que é de difícil medição ou porque está escondida", alertam os especialistas do FMI.
O "stress" neste segmento de mercado "é também provocado por desajustamentos de liquidez" que possa levar as financeiras a ficarem sem capacidade para corresponder aos pedidos de resgate dos investidores. Estas situações de "stress" financeiro podem ser ampliadas por aquilo que o FMI chama de "canal crucial" entre banca tradicional e estas entidades não bancárias, afetando o mercado como um todo.
A organização liderada por Kristalina Georgieva dá como exemplo recente o que se passou com os fundos de pensões no Reino Unido, após a ex-primeira-ministra do país, Liz Truss, ter anunciado uma descida dos impostos. Na altura, perante o anúncio destas medidas, as "yields" da dívida britânica agravaram-se de tal modo, que resultaram em grades perdas para os fundos de pensões.
Para fazer frente ao prejuízo, os fundos de pensões começaram então a vender títulos de dívida soberana britânica acabando por agravar ainda mais os juros das obrigações. Para o FMI, este episódio "sublinha os perigos de interação da alavancagem, do risco de liquidez e de interconexão", entre banca tradicional e entidades financeiras não bancárias.
FMI pede "regulação e supervisão robustas"
Perante este risco, "os decisores políticos necessitam dos instrumentos adequados para enfrentar a turbulência no setor NBFI, a qual pode afetar a estabilidade financeira", avisa o FMI.
"A vigilância, regulação e supervisão robustas são pré-requisitos essenciais", frisam os especialistas, acrescentando que deve "eliminar-se as lacunas da regulação", no que toca ao reporte de dados-chave, como financiamento e utilização de instrumentos financeiros derivados.
O FMI recomenda ainda que sejam tomadas medidas para assegurar uma "melhor gestão de riscos", por parte destas instituições.
Estas melhorias na gestão dos riscos devem ser "apoiadas por normas prudenciais adequadas, incluindo sobre requisitos de capital e liquidez em conjunto com os melhores recursos e uma supervisão mais rigorosa".
Estas medidas poderiam mesmo ajudar a "reduzir a necessidade e a frequência de um apoio de liquidez" por parte dos bancos centrais, durante estas situações de "stress" sistémico.
"As mais recentes tensões vividas por alguns bancos europeus e dos EUA são um poderoso lembrete das elevadas vulnerabilidade financeiras que surgiram ao longo de anos de baixas taxas de juro, reprimida volatilidade e ampla liquidez", refere o relatório liderado pelo vice-diretor do departamento monetário e de mercados de capitais Fabio Natalucci e assinado em conjunto com Antonio Garcia Pascual e Thomas Piontek.
Ora, "estes riscos podem intensificar-se nos próximos meses, à medida que continua o endurecimento da política monetária, tornado sobretudo importante compreender e salvaguardar esta extensa franja do setor financeiro composta por um conjunto de instituições que vão além dos bancos", acrescentam os especialistas.
A par do crescimento rápido, na última década as vulnerabilidades aumentaram, ficando agora visíveis com o aumento das taxas de juro dos bancos centrais para travar a inflação. Um dos riscos mais patentes é o recurso a endividamento para investir.
"As baixas taxas de juro e a volatilidade dos preços dos ativos tem incentivado os investidores e instituições a recorrerem à alavancagem para impulsionar os retornos" do investimento, refere o relatório.
No entanto, "as vulnerabilidades decorrentes da alavancagem podem ser desconhecidas tanto das autoridades como dos 'players' do mercado já que é de difícil medição ou porque está escondida", alertam os especialistas do FMI.
O "stress" neste segmento de mercado "é também provocado por desajustamentos de liquidez" que possa levar as financeiras a ficarem sem capacidade para corresponder aos pedidos de resgate dos investidores. Estas situações de "stress" financeiro podem ser ampliadas por aquilo que o FMI chama de "canal crucial" entre banca tradicional e estas entidades não bancárias, afetando o mercado como um todo.
A organização liderada por Kristalina Georgieva dá como exemplo recente o que se passou com os fundos de pensões no Reino Unido, após a ex-primeira-ministra do país, Liz Truss, ter anunciado uma descida dos impostos. Na altura, perante o anúncio destas medidas, as "yields" da dívida britânica agravaram-se de tal modo, que resultaram em grades perdas para os fundos de pensões.
Para fazer frente ao prejuízo, os fundos de pensões começaram então a vender títulos de dívida soberana britânica acabando por agravar ainda mais os juros das obrigações. Para o FMI, este episódio "sublinha os perigos de interação da alavancagem, do risco de liquidez e de interconexão", entre banca tradicional e entidades financeiras não bancárias.
FMI pede "regulação e supervisão robustas"
Perante este risco, "os decisores políticos necessitam dos instrumentos adequados para enfrentar a turbulência no setor NBFI, a qual pode afetar a estabilidade financeira", avisa o FMI.
"A vigilância, regulação e supervisão robustas são pré-requisitos essenciais", frisam os especialistas, acrescentando que deve "eliminar-se as lacunas da regulação", no que toca ao reporte de dados-chave, como financiamento e utilização de instrumentos financeiros derivados.
O FMI recomenda ainda que sejam tomadas medidas para assegurar uma "melhor gestão de riscos", por parte destas instituições.
Estas melhorias na gestão dos riscos devem ser "apoiadas por normas prudenciais adequadas, incluindo sobre requisitos de capital e liquidez em conjunto com os melhores recursos e uma supervisão mais rigorosa".
Estas medidas poderiam mesmo ajudar a "reduzir a necessidade e a frequência de um apoio de liquidez" por parte dos bancos centrais, durante estas situações de "stress" sistémico.