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Euribor negativa poupou 13,5 milhões em juros

A Euribor a seis meses, indexante de mais de metade dos créditos à habitação, está em valores negativos há exactamente dois anos. Neste período, a factura com juros encolheu em mais de 13 milhões de euros.

Miguel Baltazar
05 de Novembro de 2017 às 22:00
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Há dois anos, as Euribor a seis meses imitaram o indexante de mais curto prazo e entraram em terreno negativo. É lá que se têm mantido. E, com este desempenho, têm permitido ao portugueses pagar menos em juros. No total, as famílias pouparam 13,5 milhões de euros em juros, nos últimos dois anos, de acordo com os cálculos do Negócios.

Em Abril de 2015, a Euribor a três meses assumiu valores negativos pela primeira vez, apanhando o mercado de surpresa. Mas sete meses depois, a 6 de Novembro de 2015, foi a vez da Euribor a seis meses, que continua a ser o indexante mais relevante do crédito à habitação em Portugal. Mais de metade dos empréstimos (51%) para a compra de casa estão associados a este indexante. E já em Fevereiro de 2016 também a Euribor a 12 meses passou a situar-se abaixo de zero. Estão, desde então, todas as taxas em valores negativos.

Uma evolução que tem permitido às famílias poupanças relevantes na hora de pagar o crédito à habitação. A prestação média do crédito à habitação é, de acordo com os últimos dados do INE, de 239 euros, em linha com o valor de há dois anos. Mas o valor pago em juros encolheu. Diminiu em 17%. Multiplicando o valor poupado pelos 1,5 milhões de contratos, a poupança em juros ascende a 13,5 milhões de euros.

E, ao mesmo tempo, as famílias têm conseguido amortizar cada vez mais capital em dívida. No valor da prestação média, quase 82% abatem capital em dívida, enquanto apenas 18,4% correspondem ao pagamento de juros.

 
O que mudou?

Os valores negativos da Euribor trouxeram ainda alterações relevantes ao mercado do crédito à habitação. Actualmente, num conjunto de dez bancos, só o EuroBic ainda tem no seu preçário a opção de crédito com Euribor a três, seis e 12 meses. Todas as restantes instituições apenas oferecem os restantes indexantes.

Além disso, o "spread" mínimo médio desceu 25%, sendo agora de 1,49%. Poderia ter descido mais se os indexantes não fossem negativos? "Seguramente que sim. Mas também é verdade que a descida do ‘spread’ poderia ter sido inferior se os bancos não tivessem optado, de um modo geral, por agravar as comissões do crédito", frisa José Miguel Moreira. Para o economista da Caixa Económica Montepio Geral, "de um modo geral, as comissões têm vindo a ser utilizadas pela generalidade dos bancos nacionais para compensar os valores negativos das taxas Euribor".

Filipe Garcia também acredita que as comissões do crédito foram agravadas para compensar as taxas negativas, "assim como a obrigação de contratar outros produtos conexos". "É por isso que se deve analisar os custos globais da contratação de crédito (TAER) e não apenas o ‘spread’. Outra forma de compensar as taxas negativas tem sido a tentativa de aumentar o peso da taxa fixa nos novos créditos", conclui o economista da IMF.

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