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EUA, Alemanha e Japão investigam «insider trading» antes de ataques terroristas

Os reguladores dos mercados de capitais dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Hong Kong estão a investigar a possibilidade de terroristas terem beneficiado de «insider trading», sabendo de antemão dos ataques aos EUA da semana passada.

19 de Setembro de 2001 às 11:33
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Os reguladores dos mercados de capitais dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Hong Kong estão a investigar a possibilidade de terroristas terem beneficiado de «insider trading», sabendo de antemão dos ataques aos EUA da semana passada.

De acordo com dados da Bloomberg, a negociação de opções de venda, ou «puts», em empresas como a United Airlines (UAL) e a AMR, que controla a American Airlines (AA), aumentaram de volume nos dias anteriores ao desvio de aviões da UAL e da AA contra as torres gémeas do World Trade Center e Pentágono.

As acções da Morgan Stanley, que ocupava 22 dos 110 andares de uma das torres do World Trade Center, também foram alvo de ataques aos seus «puts», que geram mais-valias quando a acção subjacente cai, com os volumes a aumentarem entre 12 a 25 vezes nos dias antecedentes à tragédia, segundo a mesma fonte.

Soubemos da possibilidade de envolvimento terrorista nos nossos mercados», afirmou em comunicado Harvey Pitt, presidente da Securities Exchange Comission (SEC), o regulador dos mercados de capitais norte-americanos. «A nossa divisão de investigação tem estado a averiguar uma série de movimentos nos mercados que poderão estar ligados a estes actos terríveis», acrescentou.

Um dia antes de dois aviões da American Airlines terem sido desviados, foram transaccionados 1.535 contratos que dariam ao comprador a possibilidade de realizarem mais valias, se as acções da AMR caíssem abaixo dos 30 dólares (32,34 euros ou 6.484 escudos) por acção antes de 20 de Outubro.

O volume de contratos superou em quase cinco vezes o negociado antes de 10 de Setembro. As acções da AMR caíram 39,39%, ou 11,70 dólares (12,62 euros ou 2.530 escudos) para os 18 dólares (19,41 euros ou 3.891 escudos) no primeiro dia em que as Bolsas norte-americanas regressaram à negociação.

Envolvimento terrorista

Esses 1.535 contratos valiam 1,6 milhões de dólares (1,73 milhões de euros ou 347 mil contos) na segunda-feira passada, contra 337 mil dólares (363,3 mil euros ou 72,84 mil contos) no dia 10 de Setembro. Cada contrato «put» representa opções de venda de um bloco de 100 acções.

Da mesma forma, as opções «put» de Outubro a 30 dólares da UAL subiram, com 2.000 contratos a trocarem de mãos a 6 de Setembr, três sessões antes do ataque. No entanto, mesmo que se verifiquem variações anormais nos volumes, é muito difícil provar ligações aos terroristas.

«Estabelecer uma relação causa-efeito é muito difícil», afirmou Alan Thomson, vice presidente da Stern Stewart Pte, uma consultora de investimentos de risco em Singapura. «É quase impossível provar isso. Tomar posições: é essa a tarefa dos fundos de risco», acrescentou.

Provas de planos de assassinato

Os registos de negociação poderão ajudar a perceber se Osana bin Laden ou outros terroristas estiveram por detrás de transacções pouco normais de acções ou opções de companhias aéreas, bancos ou seguradoras. Podem também ser um elo de ligação aos responsáveis pelo ataque ao World Trade Center.

«É uma informação de grande interesse para os serviços secretos. Não devemos apenas pensar nela como informação de “insider trading”, mas também como prova de um desejo de planos de assassinato e terrorismo», explicou John Coffee, professor de direito na Universidade da Columbia.

O porta-voz da Bolsa de Frankfurt, Frank Hartmann disse que aquela praça financeira e a autoridade reguladora do sector também estão a examinar a negociação de acções, opções e futuros nos dias anteriores aos ataques.

Nos dias 6 e 7 de Setembro, o volume de negociação da maior seguradora alemã, a Munich Re, mais do que duplicaram face à média dos últimos seis meses. Inspecções iniciais não revelaram irregularidades, adiantou Hartmann.

As autoridades financeira japonesas já afirmaram estar a investigar as transacções anteriores aos ataques nas Bolsas de Tóquio e Osaka, o mesmo acontecendo com a Bolsa de Hong Kong.

Por Bloomberg.

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