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Era do gás natural barato chega ao fim com alta de 1.000%

As tarifas do gás natural na Europa aumentaram mais de 1.000% em relação a um mínimo histórico em maio de 2020 devido à pandemia, enquanto as taxas do GNL na Ásia multiplicaram por seis no último ano.

09 de Agosto de 2021 às 20:00
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A era do gás natural barato acabou, dando lugar a um período de energia muito mais cara que deve criar um efeito cascata na economia global. O gás natural, usado para gerar eletricidade e aquecer residências, era abundante e barato durante grande parte da última década o que deu lugar à expansão da oferta dos Estados Unidos à Austrália.

Esse quadro foi revertido este ano, uma vez que a procura passou a superar em muito a oferta. As tarifas do gás na Europa atingiram recordes na semana passada, enquanto as entregas do combustível liquefeito para a Ásia estão perto de máximos históricos para esta época do ano.

Com poucas opções, o mercado mundial deverá depender cada vez mais do gás menos poluente em substituição ao carvão para ajudar a atingir metas verdes de curto prazo. Mas, à medida que produtores limitam investimentos em novos suprimentos sob pressão de investidores e governos preocupados com o clima, fica claro que a energia cara veio para ficar.

"Não importa como se olha para o assunto, o gás será o combustível de transição nas próximas décadas, já que as maiores economias estão empenhadas em atingir as suas metas de emissão de carbono", disse Chris Weafer, CEO da Macro-Advisory, com sede em Moscovo. "O preço do gás tende a permanecer elevado no médio prazo e subir no longo prazo".

Em 2024, a procura deverá aumentar 7% em relação a níveis anteriores à Covid-19, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Além disso, o apetite por gás natural liquefeito deverá crescer 3,4% ao ano até 2035, ultrapassando outros combustíveis fósseis, de acordo com uma análise da McKinsey & Co.

Com o aumento dos preços do gás natural, será mais caro abastecer fábricas ou produzir petroquímicos, atingindo todos os cantos da economia global e reforçando os receios de inflação. Para consumidores, o custo será refletido nas contas mensais de energia e gás. Vai ser mais caro usar uma máquina de lavar, tomar um banho quente ou preparar o jantar. É uma notícia especialmente negativa para países mais pobres, como o Paquistão e o Bangladesh, que reformularam as políticas de energia com base na premissa de que o preço do combustível seria mais baixo por mais tempo.

As tarifas do gás natural na Europa aumentaram mais de 1.000% em relação a uma mínima histórica em maio de 2020 devido à pandemia, enquanto as taxas do GNL na Ásia multiplicaram por seis no último ano. Até mesmo os preços nos Estados Unidos, onde a revolução do gás de xisto aumentou significativamente a produção do combustível, atingiram o nível mais alto para esta época do ano em uma década.

Embora existam vários fatores temporários que têm elevado os preços do gás, como interrupções no fornecimento, recuperação econômica global e uma pausa em novas usinas de exportação de GNL, há um consenso crescente de que o mundo enfrenta uma mudança estrutural, impulsionada pela transição energética.

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