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Desânimo toma conta de Wall Street apesar de lucro recorde

Wall Street está a fazer mais dinheiro do que nunca, então porque é que os semblantes estão fechados?

25 de Dezembro de 2018 às 11:00
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Uma dupla de jazz tocava num apartamento de Manhattan esta semana enquanto Erika Karp, uma veterana de Wall Street, socializava com outras pessoas do mundo das finanças. Os grandes bancos estão a encerrar um ano que deve ser o mais rentável da sua história, mas o clima na festa de Natal não estava animado. Às vezes, mergulhava no sarcasmo e na insatisfação.

 

Independentemente do que acontecer quando Dezembro acabar, o JPMorgan Chase, o Goldman Sachs Group e os outros quatro pesos-pesados dos EUA ganharam tanto dinheiro nos primeiros três trimestres do ano que já superaram o total do ano passado. Impulsionados pelas reduções de impostos de Donald Trump, eles estão prestes a terminar o ano, pela primeira vez, com lucros de 100 mil milhões de dólares, superando o recorde de 93 mil milhões de dólares de 2016. Mas mesmo assim há pouco entusiasmo.

 

O que estraga o espírito natalino em Wall Street é a ansiedade com a deterioração dos mercados, a frustração com os péssimos preços das acções do próprio sector e o receio de que uma recessão finalmente chegue. Outra explicação para o ânimo moderado: os executivos do sector bancário são espertos o suficiente para não alardear lucros recorde apenas uma década depois de terem sido resgatados pelos contribuintes durante a crise financeira.

 

"Tem uma dose de realidade e uma dose de estratégia", disse Karp, que fundou a assessoria Cornerstone Capital Group após décadas em bancos internacionais, sobre a auto-depreciação de Wall Street. Existem nervosismo e temores genuínos, disse, mas também há uma relutância generalizada em "mostrar que está tudo óptimo quando há pessoas a morrer de fome".

 

Preocupação

JPMorgan, Morgan Stanley e Bank of America vão bater recordes de lucro este ano, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg. Goldman, Citigroup e Wells Fargo estão prestes a registar o maior lucro desde pelo menos 2015. Tudo isto soma mais do que os bancos lucraram no auge da bolha, antes do crash, até mesmo adicionando os lucros dos rivais que, mais tarde, estas mesmas instituições engoliram - Bear Stearns, Merrill Lynch, Washington Mutual, Wachovia e Countrywide.

 

Os executivos do sector bancário têm alguns motivos de preocupação reais. Analistas estão a baixar as avaliações das acções e a diminuir as projecções de lucros, e alertam que estas talvez não se recuperem no próximo ano. O Goldman atravessa o seu pior escândalo numa geração, graças ao seu papel numa transacção criminosa na Malásia. As investigações sobre abusos contra consumidores cometidos pelo Wells Fargo ainda não acabaram, e o banco será investigado ainda mais rigorosamente quando os democratas assumirem o controlo da Câmara dos Deputados dos EUA. O empurrão dado pelas reduções de impostos que Trump concedeu aos grandes bancos e empresas já está a dissipar-se. E o KBW Bank Index caiu quase 20% em 2018.

 

A ostentação da riqueza de Wall Street está fora de moda agora, disse Karp.

 

"Tem de se dar a impressão de estar totalmente comprometido", disse a responsável depois da festa no Upper West Side. "Como se realmente se importasse com o que está a acontecer no resto do mundo."

 

(Texto original: Wall Street Is Making the Most Money Ever, So Why the Long Face?)

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