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De Angola à Zâmbia: os 10 mercados africanos a ter debaixo de olho em 2020
Os “traders” de obrigações que se aventuraram por África este ano conseguiram retornos elevados.
As dívidas soberanas em dólares no continente africano geraram um retorno total de 20% desde o início de 2019, mais do que qualquer outra região dos mercados emergentes.
As obrigações em moeda local também registaram um forte desempenho. As obrigações em libras egípcias e nairas nigerianas registaram retornos superiores a 30% em dólares.
Se os principais bancos centrais mundiais mantiverem uma postura acomodatícia em 2020, deve sustentar "yields" elevadas nos mercados emergentes e isto significa que as obrigações africanas devem continuar a ter uma forte procura.
A "yield" extra que os investidores conseguem ao comprar obrigações soberanas em dólares de países africanos em vez de obrigações americanas diminuiu quase 100 pontos base este ano, segundo os índices do JPMorgan Chase. Ainda assim, nos 461 pontos base, o "spread" continua a ser o mais elevado entre qualquer outro mercado emergente e o dobro da Europa Oriental.
África é uma "terra de oportunidades" e pode ser uma das principais beneficiárias dos progressos das negociações comerciais entre EUA e China, realçam os analistas do Bank of America.
Mas os investidores enfrentam uma série de potenciais riscos em 2020. A África do Sul pode ver o seu "rating" descer do patamar de investimento; o governo do Gana pode aumentar os seus gastos numa altura em que se aproximam as eleições; a crise de dívida da Zâmbia pode ficar fora de controlo e a Nigéria pode ver-se obrigada a desvalorizar a sua moeda.
Sobre Angola, a segunda maior produtora de petróleo africana continua cambalear devido à queda dos preços do petróleo há cinco anos. A economia vai contrair pelo quarto ano consecutivo em 2019, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ainda assim, os investidores têm sido surpreendidos pelas reformas do banco central, incluindo a desvalorização do kwanza. A queda superior a 30% da moeda angolana contra o dólar – apenas o peso da Argentino enfraqueceu mais – aumentou as pressões inflacionistas. Mas também diminuiu a escassez cambial que estava a prejudicar as empresas.
Já Moçambique completou a sua reestruturação de dívida em outubro, situação onde se encontra desde que, no início de 2017, entrou em incumprimento de 727 milhões de dólares. Este contexto deve abrir a porta para que o governo angarie os fundos que precisa para financiar uma parte dos seus projetos de gás multimilionários. Uma vez terminados estes projetos, a economia empobrecida sul-africana deverá tornar-se uma das maiores exportadoras de gás natural liquefeito.
Os outros mercados africanos que devem ser acompanhados são: Egito, Etiópia, Gana, Costa do Marfim, Quénia, Nigéria, África do Sul e Zâmbia.
(Texto original: From Angola to Zambia: The 10 African Markets to Watch in 2020)