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Corretora usa câmaras para vigiar funcionário que partilhou dados
As corretoras rivais travam uma batalha legal devido ao acesso a informação confidencial sobre rendimentos de operadores, numa altura em que estavam num processo de contratação.
A BGC Partners tinha receio de que um soldado das suas fileiras estivesse a passar informações a um concorrente.
Por isso, elaborou um plano para espionar dois dos seus corretores, colocando câmaras no teto por cima das suas mesas de trading. Depois, para confirmar a identidade do destinatário dos dados secretos - um dos dois possíveis irmãos -, "agentes de vigilância" tiraram fotografias de um gerente do lado de fora de um pub.
A extensão dos esforços da BGC para evitar a saída de informações foram revelados num tribunal de Londres, onde a segunda maior corretora de negociação do mundo está a processar as operações britânicas da Tradition pelo uso indevido de informações confidenciais e pela contratação furtiva de uma equipa-chave.
O pequeno e ferozmente competitivo mundo das corretoras está habituado a batalhas na contratação de talentos. Tanto a BGC como a Tradition já travaram disputas na Justiça relacionadas com a contratação de funcionários por rivais. O caso atual ouviu histórias de mensagens excluídas do WhatsApp e ameaças de prisão - e vigilância. Mas seguir corretores não é uma prática particularmente incomum, segundo Anthony Warner, que supervisiona corretores da BGC na Europa.
"No mundo dos corretores, onde todos já tivemos o nosso ápice, não será surpresa se isso acontecer", revelou Warner, acrescentando que tem conhecimento de outra altura em que corretores foram seguidos durante o andamento de processos.
As corretoras rivais travam uma disputa resultante de uma base de informação confidencial da BGC que continha dados sobre os dados de receitas dos corretores em Londres.
As informações são "um mapa" do negócios em Londres, disse Rob Kitchin, que supervisionou os corretores da BGC, num depoimento no tribunal. Os dados foram fotografados e passados por um funcionário da BGC a Tony Vowell, gerente da Tradition, na mesma altura em que estavam a ser retomadas negociações para a contratação de seis corretores de uma equipa de negociação cambial.
A Tradition, o braço londrino da Cie Financiere Tradition, afirma que nunca usou os dados ou qualquer informação para contratar a equipa da BGC. Todo o caso é uma tentativa equivocada de prejudicar um rival, defendeu um advogado da Tradition.
A BGC descobriu que Robert Goan, um funcionário júnior, tirou fotografias de dados no ecrã do computador ao instalar câmaras espiãs nas mesas de negociação. Por diversas vezes, entre novembro de 2016 e julho de 2017, Goan terá partilhado as suas fotografias com outro corretor, Simon Cuddihy, que passou as informações a Vowell. Goan e Cuddihy fecharam um acordo com a BGC. Cuddihy, que permanece na empresa, deve testemunhar posteriormente no julgamento.
A BGC disse numa carta ao juiz que, a seguir, realizou "vigilância restrita" a Vowell para confirmar a sua identidade e assegurar que ele estaria em Londres quando planeava apresentar documentos sobre ele no processo. A empresa diz que precisava de tirar fotografias para garantir que estava a acusar o irmão certo, já que ambos trabalhavam na Tradition.
Cuddihy viu fotografias de Vowell tiradas do lado de fora de um bar e foi-lhe pedido que confirmasse a sua identidade, disse o advogado da Tradition, Neil Kitchener.
Sob interrogatório de Kitchner, Warner, da BGC, reconheceu no tribunal que gostaria de saber sobre qualquer prática de vigilância.
"Gostaria de saber, é claro, e tenho a certeza de que qualquer um que foi seguido gostaria de saber", disse Warner.
O executivo disse que nunca pediu que alguém fosse seguido.
"Estou preparado para gerir corretores, não estou preparado para ser investigador", disse.
(Texto original: Broker Used Spy Cameras and Private Eyes to Hunt Down a Leaker)