Notícia
CMVM afasta-se do ataque Reddit, mas garante que concertação nos mercados pode ser sancionada
O regulador nacional distancia-se de toda a novela que envolve os investidores amadores e várias empresas em Wall Street, por não ter ocorrido em Portugal.
A CMVM - Comissão de Mercado de Valores Mobiliários - afasta-se da recente manobra concertada entre os utilizadores da rede social Reddit para tentar atacar os fundos de investimento por não ter ocorrido em Portugal, mas considera que, apesar de os comportamentos individuais nos mercados poderem ser "legítimos", as ações conjuntas poderão ser alvo de sanção.
O regulador do mercado português afirma que "em termos genéricos, os comportamentos individuais observados no mercado podem ser legítimos ainda que coletivamente sejam suscetíveis de aumentar o risco do investimento ou, em função de certas condutas concretas, poderem ser consideradas não aceitáveis e suscetíveis de sancionamento".
Contudo, toda esta situação ocorreu "num contexto não sujeito à sua supervisão" e por isso "a CMVM não dispõe de elementos suficientes que permitam avaliar a legitimidade da conduta das partes envolvidas", adianta.
Na semana passada, milhões de investidores amadores a retalho, reunidos no Reddit, combinaram uma compra conjunta das ações de empresas como a GameStop ou a AMC, uma vez que vários fundos de investimento de grande dimensão estavam a apostar na queda dessas mesmas empresas.
Assim, caso as ações das tais cotadas subisse a pique, isso causaria milhões de dólares em perdas a vários "hedge funds". E assim foi: só em janeiro esta operação provocou uma perda de 12,5 mil milhões de dólares para os fundos de investimento, onde se inserem a Melvin Capital ou o Citron Research, que tiveram de ser alvo de injeções de capital para sobreviverem.
Contudo, muitos outros fundos de investimento e multimilionários de Wall Street se aproveitaram para tirar partido desta situação. Foi o caso do Citadel LLC, um fundo de investimento do multimilionário Ken Griffin, que injetou - em conjunto com o Point72 - cerca de 3 mil milhões de dólares no Melvin para o salvar.
Mas aqui há um grande "senão". Esta "ajuda", que foi anunciada nesta segunda-feira, pode traduzir-se da seguinte forma: o Citadel LLC - o fundo de investimento - está a sustentar o Melvin que apostou forte na queda da GameStop, enquanto que, ao mesmo tempo, o Citadel Securities - a corretora do mesmo grupo - está a lucrar com a corrida em massa às ações da retalhista de videojogos norte-americana.
Uso de aplicações de retalho requer literacia
No meio desta novela entre fundos de investimento e investidores de retalho estão as aplicações de tranding, ou corretoras, como a RobinHood, que suspendeu os investimentos em empresas como a GameStop, dado o excesso de volatilidade e por poder não conseguir dar resposta a todas as compras e, posteriormente, a uma possível venda em massa das ações.
Por isso, foi obrigada a injetar um total de 3,4 mil milhões de dólares nos seus cofres que servem como colateral, ou seja, de amparo caso seja preciso reembolsar muitos investidores ao mesmo tempo.
A CMVM alerta para a necessidade de literacia para lidar com este tipo de aplicação. "A utilização de plataformas de negociação eletrónica requer que os seus utilizadores tenham conhecimentos sobre o mercado de capitais, o respetivo enquadramento regulatório, e sobre os mecanismos de funcionamento subjacentes aos instrumentos financeiros em que investem - tais como a formação de preços, a aplicabilidade de margens, o nível de comissões e os riscos envolvidos"
O regulador do mercado português afirma que "em termos genéricos, os comportamentos individuais observados no mercado podem ser legítimos ainda que coletivamente sejam suscetíveis de aumentar o risco do investimento ou, em função de certas condutas concretas, poderem ser consideradas não aceitáveis e suscetíveis de sancionamento".
Na semana passada, milhões de investidores amadores a retalho, reunidos no Reddit, combinaram uma compra conjunta das ações de empresas como a GameStop ou a AMC, uma vez que vários fundos de investimento de grande dimensão estavam a apostar na queda dessas mesmas empresas.
Assim, caso as ações das tais cotadas subisse a pique, isso causaria milhões de dólares em perdas a vários "hedge funds". E assim foi: só em janeiro esta operação provocou uma perda de 12,5 mil milhões de dólares para os fundos de investimento, onde se inserem a Melvin Capital ou o Citron Research, que tiveram de ser alvo de injeções de capital para sobreviverem.
Contudo, muitos outros fundos de investimento e multimilionários de Wall Street se aproveitaram para tirar partido desta situação. Foi o caso do Citadel LLC, um fundo de investimento do multimilionário Ken Griffin, que injetou - em conjunto com o Point72 - cerca de 3 mil milhões de dólares no Melvin para o salvar.
Mas aqui há um grande "senão". Esta "ajuda", que foi anunciada nesta segunda-feira, pode traduzir-se da seguinte forma: o Citadel LLC - o fundo de investimento - está a sustentar o Melvin que apostou forte na queda da GameStop, enquanto que, ao mesmo tempo, o Citadel Securities - a corretora do mesmo grupo - está a lucrar com a corrida em massa às ações da retalhista de videojogos norte-americana.
Uso de aplicações de retalho requer literacia
No meio desta novela entre fundos de investimento e investidores de retalho estão as aplicações de tranding, ou corretoras, como a RobinHood, que suspendeu os investimentos em empresas como a GameStop, dado o excesso de volatilidade e por poder não conseguir dar resposta a todas as compras e, posteriormente, a uma possível venda em massa das ações.
Por isso, foi obrigada a injetar um total de 3,4 mil milhões de dólares nos seus cofres que servem como colateral, ou seja, de amparo caso seja preciso reembolsar muitos investidores ao mesmo tempo.
A CMVM alerta para a necessidade de literacia para lidar com este tipo de aplicação. "A utilização de plataformas de negociação eletrónica requer que os seus utilizadores tenham conhecimentos sobre o mercado de capitais, o respetivo enquadramento regulatório, e sobre os mecanismos de funcionamento subjacentes aos instrumentos financeiros em que investem - tais como a formação de preços, a aplicabilidade de margens, o nível de comissões e os riscos envolvidos"
"Situações de maior incerteza, fragilidade financeira e volatilidade nos mercados dificultam a ponderação de alternativas de investimento pelos investidores e potenciam o risco de fraudes ou a tomada de riscos insuficientemente ponderados", conclui.