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CEO do UBS alerta para perigo de bolhas estimuladas pelos bancos centrais
Numa altura em que os bancos centrais se preparam para avançar com mais medidas de estímulo, o CEO do UBS alerta para o perigo desta estratégia.
"Eu teria muito, muito cuidado em aumentar ainda mais os balanços dos bancos centrais", disse Sergio Ermotti, CEO do banco suíço UBS, numa entrevista à Bloomberg. "Estamos em risco de criar uma bolha nos ativos".
Com o crescimento da economia a abrandar, os bancos centrais têm sido forçados a inverter caminho, depois de terem gasto grande parte do ano passado a preparar terreno para uma política monetária menos expansionista. A Fed deverá cortar a taxa de juro de referência em 25 pontos base na reunião de 30-31 de junho e antes disso o BCE deverá preparar o mercado para uma descida iminente da taxa dos depósitos (atualmente em -0,4%).
Para os investidores, este volte face resultou num "rally total", com a valorização dos ativos mais e menos arriscados. O Stoxx600 valorizou 13% no primeiro semestre, no melhor desempenho desde 1998. As obrigações também subiram devido à forte procura por "yields", que foi impulsionada pela política monetária expansionista e soma cada vez maior dívida com taxas negativas.
Embora difíceis de detetar antes de rebentarem, potenciais bolhas podem estar a formar-se no mercado global de obrigações, onde 13 biliões de dólares em obrigações já oferecem "yields" negativas; no mercado de crédito alavancado nos Estados Unidos (1,3 biliões de dólares); bem como no aquecido mercado imobiliário em vários países, como a Nova Zelândia e o Canadá.
Jerome Powell tem sugerido que as últimas duas expansões económicas nos Estados Unidos terminaram, não porque a inflação ficou em níveis muito elevados, mas porque os preços dos ativos ficaram muito elevados. Em 2000 aconteceu no preço das ações, sobretudo tecnológicas. Em 2007 foi o preço das casas.
"Os preços dos ativos subiram, mas isso não tem correlação com o sentimento dos investidores, o que, na minha opinião, representa um desenvolvimento muito perigoso", disse Ermortti.
O CEO do UBS juntou-se a outros banqueiros de Wall Street que têm alertado para o impacto que a reversão nas expectativas sobre as taxas de juro terá no retorno do crédito. Com as taxas de juro perto de zero ou em terreno negativo, as margens dos bancos estão cada vez mais comprimidas. O problema é mais pronunciado na Europa, onde os bancos lidam com taxas negativas há meia década e sem perspetivas de fim à vista.
O mercado está atribuir uma probabilidade de 40% a um corte de 10 pontos base na taxa de depósitos do BCE na próxima quinta-feira. A confirmar-se, descerá para -0,5%. Em perspetiva está também o reinicio do programa de compra de ativos.