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Bilionário russo ganha 3.000% com SPAC de veículos elétricos
A Arrival tem agora uma avaliação de 15,3 mil milhões de dólares, mais do que duplicando a avaliação do início do ano passado e gerando ao empresário russo um ganho superior a 3.000%.
Denis Sverdlov, um antigo vice-ministro russo, já era um homem rico através de uma startup de telecomunicações quando virou atenções para os veículos elétricos e fundou a Arrival Ltd. em 2015.
Quatro anos depois, injetou 450 milhões de dólares na fabricante de camiões e autocarros através de uma firma de investimentos. Em novembro, avançou com a fusão da companhia com CIIG Merger Corp, uma Special Purpose Acquisition Corp (SPAC) liderada por Peter Cuneo, o antigo CEO da Marvel Entertainment.
A Arrival, que ainda não atingiu produção máxima, tem agora uma avaliação de 15,3 mil milhões de dólares, mais do que duplicando a avaliação do início do ano passado e gerando ao empresário um ganho superior a 3.000%.
Sverdlov, de 42 anos, que controlará a maioria do capital da empresa com sede em Londres assim que o negócio for finalizado, ficará em breve com uma fortuna avaliada em 11,7 mil milhões de dólares, de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.
Um porta-voz da Arrival recusou comentar sobre a riqueza de Sverdlov.
Os SPAC – empresas sem atividade que se fundem com empresas de capital fechado para que estas entrem em bolsa – já arrecadaram 85 mil milhões de dólares este ano. Atletas e estrelas do entretenimento - como Alex Rodriguez, Shaquille O’Neal e Sammy Hagar – já fundaram estes veículos que pedem um "cheque em branco" aos investidores para financiar a compra de uma empresa. Fizeram-no em conjunto com patrocínio de alguns ultra-ricos, como o gestor de fundos William Ackman e o antigo presidente do Goldman Sachs, Gary Cohn.
A Arrival não é a única companhia a obter fortes ganhos através das SPAC.
A avaliação da startup de taxi aéreo Archer Aviation disparou de 16 milhões de dólares em abril de 2020, para 3,8 mil milhões de dólares através da fusão anunciada o mês passado com uma SPAC. A avaliação implícita da fabricante de veículos elétricos Lucid Motors, que recentemente aceitou juntar-se a uma SPAC criada pelo ex-Citigroup Michael Klein, superou os 55 mil milhões de dólares depois do negócio ter sido anunciado, ficando assim à frente da capitalização bolsista da Ford.
"As SPAC são uma bonança para quem as organiza", diz Keith Johnston, CEO da SFO Alliance, clube de investimento de "family offices" sediado em Londres. Wall Street tem dominado o boom das SPAC, mas as bolsas europeias estão agora a acelerar na corrida.
Mas o fenómeno também tem brechas. O IPOX SAPC – índice que mostra o desempenho destas empresas – já desvalorizou 20% desde os máximos atingidos em fevereiro. Muitos dizem que a profileração deste tipo de empresas é um reflexo da liquidez injetada pelos bancos centrais durante a pandemia.
Algumas das fusões mais recentes das SPAC receberam uma resposta tépida dos investidores. A Cerberus Telecom Acquisition e a Motion Acquisition Corp estão ambas a transacionar abaixo do preço do IPO das respetivas SPAC de 10 dólares.
O valor da Arrival advem das avaliações vertiginosas das fabricantes de veículos elétricos desde o ano passado, embora a recente subida acentuada das yields tenha penalizado o setor.
As ações da CIIG já perderam cerca de um quinto do seu valor desde o máximo de dezembro.
Até ter sido anunciada a fusão, foi Sverdlov que financiou a a Arrival. A empresa espera vir a testar alguns dos seus veículos em estrada este ano e tem dito que não enfrenta as armadilhas financeiras das concorrentes uma vez que as suas fábricas são de menor dimensão e custam apenas uma fração das tradicionais dos grandes fabricantes.
A startup pretende ter 31 unidades fabris até 2024 e estima começar a gerar lucros um ano antes.
"Há mais de 560 cidades em todo o mundo que têm mais de 1 milhão de habitantes. E cada uma dessas cidades pode ter uma micro-fábrica que produza 10 mil veículos adaptados ao mercado em causa", disse Sverdlov recentemente. "Este modelo pode ser tão escalável como o McDonald’s ou o Starbucks".