A reacção de hoje das acções já era esperada pelo mercado. Um analista, que preferiu o anonimato, disse que a valorização de hoje do BPI "está relacionada com a queda sofrida desde que fez a proposta de fusão e também porque a incorporação de um rácio de troca mais favorável [para o BCP] por parte do mercado estava a arrastar a cotação do banco".

Desde o anúncio da proposta de fusão, a 25 de Outubro, o BCP caiu 0,63% e o BPI desvalorizou 12,9%. Ambos perderam, em capitalização bolsista, um total de 711 milhões de euros.

A queda do BCP, segundo a mesma fonte, "deve-se ao facto do título deixar agora de estar acoplado a um rácio de troca e poder assim reflectir alguns factores como os resultados negativos que foram apresentados já após o anúncio da fusão".

A instituição anunciou a 30 de Outubro que os seus resultados líquidos dos primeiros nove meses deste ano desceram 27,5% para os 403,7 milhões de euros, um valor que ficou aquém das estimativas e que reflectiu também os custos com a OPA sobre o BPI.

Susana Neto do HSBC disse à Reuters que "esta fusão fazia sentido e criava valor mas, desde o início, se sabia que era uma negociação difícil dadas as diferenças significativas dos dois grupos. O aspecto positivo é o facto de ter havido uma clarificação já e este processo negocial não se ter arrastado".

Os analistas sublinham ainda a instabilidade e falta de liderança na estrutura accionista do BCP, o que poderá facilitar uma investida por parte de um banco estrangeiro. Este factor estará a evitar uma queda mais correcção mais gravosa do título na sessão de hoje.