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BCE sobe taxas de juro em 75 pontos base. O que representa este aumento?

O Conselho do BCE reuniu-se esta quinta-feira e decidiu a segunda subida consecutiva das taxas de juro de referência para tentar travar a escalada da inflação. As palavras de Christine Lagarde, as reações do mercado e o que significa esta subida.

Reuters
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O Banco Central Europeu (BCE) decidiu aumentar as taxas de juro de referência na Zona Euro pela segunda vez consecutiva. A autoridade monetária liderada por Christine Lagarde anunciou uma subida histórica de 75 pontos-base nas três taxas, em linha com a expectativa dos mercados. Avançou também que ainda irá aumentar as taxas de juro na Zona Euro "várias vezes", até à escalada dos preços aliviar.

Por outro lado, nas novas projeções apresentadas esta quinta-feira, após o conselho de governadores, o BCE disse esperar mais inflação e menor crescimento económico na Zona Euro a partir do próximo ano. A autoridade monetária espera agora que a inflação na Zona Euro atinja 8,1% em 2022, face à estimativa de 6,8% definida em junho. Para 2023, a projeção sobe para 5,5% (de 3,5%) e para 2024 passa para 2,3% (mais duas décimas).

Quanto ao programa de compra de dívida, o BCE garante que irá continuar a reinvestir na totalidade os montantes que atingem as maturidades no âmbito do programa regular.

O que disse Lagarde?

"A inflação mantém-se demasiado elevada e é provável que se mantenha acima da nossa meta por um longo período de tempo", avisou a presidente Christine Lagarde na conferência de imprensa que se seguiu à reunião. "Apesar dos constrangimentos à oferta estarem a aliviar, estes continuam a alimentar-se gradualmente dos preços nos consumidores e a colocar pressão sobre a inflação, tal como a recuperação da procura no setor dos serviços."

"Face à nossa avaliação atual, esperamos em várias reuniões futuras subir as taxas de juro ainda mais para reduzir a procura e salvaguardar contra o risco de uma transição ascendente em alta nas expetativas de inflação", acrescentou ainda.

Como reagiram os mercados?

Em reação à decisão, as principais praças europeias começaram por negociar em baixa e anular os ganhos vividos ao início da manhã. Contudo, à boleia do setor da banca - o principal beneficiado da decisão do BCE - conseguiram recuperar, à exceção do índice alemão, que encerrou na linha d'água, com uma leve desvalorização.

O euro realizou um movimento contrário. Subiu acima da paridade com o dólar, caindo mais tarde, após o discurso do presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, que também assegurou que a Fed vai manter o aperto da política monetária. Já os juros das dívidas soberanas da Zona Euro agravaram.

O que significa esta decisão?

O BCE não interfere diretamente com a inflação, contudo, através dos seus instrumentos de política monetária (em especial os juros) tenta influenciar os gastos das famílias e das empresas e, dessa forma, os preços dos bens e serviços. Pode levar vários trimestres até que uma decisão se reflita plenamente na economia.

A reação mais imediata da evolução destas taxas de juro estará na Euribor (que é fixada pela média à qual 57 bancos da Zona Euro emprestam dinheiro entre si no mercado interbancário), a taxa à qual está indexada a maioria dos créditos à habitação dos portugueses.

Com esta subida histórica do BCE, espera-se que também a Euribor avance. Esta quinta-feira, as taxas Euribor desceram a seis meses, para 1,354%, e a 12 meses, 1,903%, e subiram a três meses, para 0,836%, face a quarta-feira, atingindo um novo máximo.

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