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"Bancos centrais vão enfrentar um dilema" com imposição das tarifas

Entre o crescimento da economia e o controlo da inflação, os bancos centrais têm "um dilema bastante complicado para gerir", acredita Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe, em entrevista ao Negócios.

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Donald Trump prometeu anunciar esta quarta-feira, 2 de abril, tarifas "recíprocas" sobre as importações de bens para o país, que vão marcar o "Dia da Libertação" para a América.

No entanto, investidores, analistas e decisores políticos estão preocupados com o impacto. "As guerras de tarifas não têm vencedores — apenas custos adicionais e consequências indesejadas", avisa Neil Shearing, economista-chefe da Capital Economics. "Todos perdem", acrescenta. Em entrevista ao Negócios no canal NOW, Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe, concorda.

"Desde o princípio do ano, vemos que as bolsas americanas, as principais, estão com perdas bastante significativas. O panorama, de forma algo interessante, na Europa é diferente. O que isto quer dizer é que, para os mercados financeiros, esta retórica do lado da administração americana é vista de forma negativa e o principal impacto financeiro poderá ser sentido mesmo nos Estados Unidos", afirma.

Ricardo Evangelista considera que o facto de não se saber o objetivo final destas tarifas aumenta a instabilidade dos mercados financeiros. "Será que estas tarifas estão a ser utilizadas como uma forma de gerar receita para depois poder sustentar um corte nos impostos nos Estados Unidos? Foi uma das promessas eleitorais de Donald Trump. Será também que elas estão a ser utilizadas como alavancagem para alcançar objetivos geopolíticos? Também é possível. Ou será que são apenas um fim em si próprias, ou seja, que o objetivo será a reindustrialização dos Estados Unidos?", enumera.

As tarifas trazem ainda outro problema, sublinha, que é o aumento da inflação, o que traz um dilema aos bancos centrais "porque estas tarifas, por um lado, provavelmente irão levar a subidas dos preços ao consumidor, porque as tarifas depois quem acaba por pagar é o consumidor mas, por outro lado, vão levar a que os consumidores comprem menos, ou seja, vai reduzir a atividade económica".

Os bancos centrais vão, por isso, enfrentar um dilema e "terão que decidir qual é que é a prioridade. É o crescimento da economia ou é o controle da inflação?", questiona.

"Se olharmos para o que está a acontecer até agora e o melhor barómetro é nos Estados Unidos, face ao que a Fed vai fazer em termos de política monetária, o que vemos é que o dólar tem vindo a desvalorizar bastante. Para os investidores, a Fed vai dar prioridade ao crescimento em vez do controle da inflação, ou seja, vai cortar as taxas de juros mais do que aquilo que se teria esperado até algum tempo para não permitir que a atividade económica abrande muito para evitar uma recessão, deixando para depois as preocupações relativas à inflação", explica o CEO da ActivTrades Europe.

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