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Análise: Mercado de «warrants» pode atingir 500 títulos em 2001

Os «warrants» iniciaram a negociação no mercado português há cerca de 6 meses, registando uma adesão muito superior ao previsto. Para 2001, as duas principais entidades emitentes, esperam um crescimento muito forte.

18 de Março de 2001 às 15:53
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Os «warrants» iniciaram a negociação no mercado português há cerca de 6 meses, registando uma adesão muito superior ao previsto. Para 2001, as duas principais entidades emitentes, esperam um crescimento muito forte, podendo lançar cerca de 400 novos «warrants».

O mercado de «warrants» nacional verificou um crescimento notável, nos quase 6 meses de negociação, antevendo-se que o ano de 2001 mantenha esta tendência, por ser um segmento muito recente e com enormes potencialidades. O Citibank e a Société Général (SG), as duas principais entidades emitentes de «warrants» a nível mundial prevêem lançar para o mercado nacional cerca de 400 «warrants».

Para Sofia Sampaio, responsável pelos «warrants» do Citibank, o sucesso dos «warrants» em Portugal deve-se em grande medida à necessidade de novas alternativas de investimento, a uma apetência dos investidores nacionais por investimentos internacionais, ao adequado enquadramento legal, regulamentar e operacional, à abertura dos investidores nacionais a novidades e à liquidez crescente deste produto financeiro.

Actualmente, o Citibank, a Société Géneral e o Grupo Santander são responsáveis pela emissão dos 89 «warrants» em negociação na Bolsa de Valores de Lisboa e Porto (BVLP).

Os «warrants» são valores mobiliários que conferem ao seu titular o direito, mas não a obrigação, de adquirir - «call warrant» - ou de vender - «put warrant» - um determinado activo subjacente a um preço e uma data pré-definidos.

Mercados bolsistas em queda desincentivam investimento

A conjuntura internacional não tem sido muito favorável à introdução de «warrants», se tivermos em conta que os investidores têm uma maior apetência para investir em «call warrants» que em «put warrants». O principal índice bolsista nacional, o PSI20, desde que os «warrants» começaram a ser negociados na BVLP, desvalorizou mais de 9% para os 10.016,73 pontos enquanto o índice tecnológico norte-americano, o Nasdaq, registou no mesmo período uma quebra superior a 44%, para cotar nos 1.890,91 pontos, depois de ter negociado acima dos 5.000 pontos em Março de 2000.

Os «put warrants» têm uma pequena representatividade no universo nacional, totalizando 19 de um total de 89 «warrants». Tradicionalmente, em termos internacionais, os volumes negociados em «call warrants» são muito superiores aos volumes negociados em «put warrants».

A única entidade que emitiu até ao momento «put warrants» sobre acções, foi o Banco Totta & Açores, do Grupo Santander, que negoceia «puts» sobre a PT Multimedia e Telecel. Os restantes 17 «puts» disponíveis no mercado são relativos a índices ou divisas, repartidos pelos três emitentes.

A SG terá admitidos à negociação, na próxima semana 15 novos «warrants» sobre a Electricidade de Portugal (EDP), Portugal Telecom (PT) e PT Multimedia, dos quais 6 vão ser «puts warrants». O objectivo para 2001 é atingir um total de 200 produtos emitidos na Bolsa nacional, contra os actuais 61 produtos que disponibiliza. O Citibank emitiu 19 «warrants» enquanto o Grupo Santander oferece 8.

Nilda Raposeiro, responsável pelo sector dos «warrants» da SG, adiantou ao Canal de Negócios que «estamos igualmente a preparar novas emissões sobre alguns dos outros subjacentes existentes também para adaptar os preços de exercício e as maturidade à presente situação», visto que com a queda das Bolsas mundiais, as maturidades e «strikes» de alguns «warrants» já se encontram desactualizados.

O Citibank também pretende «alargar as alternativas em termos de activos subjacentes e preços de exercício, pretendendo ter um número entre 150 a 200 “warrants” até ao final do ano» avançou a responsável da instituição sediada nos Estados Unidos. Na mesma linha do ano passado, para 2001 a intenção do Citibank é alargar as alternativas às principais empresas mundiais.

No entanto, é importante que o investidor entenda que as elevadas oscilações do mercado, em qualquer dos sentidos, podem oferecer oportunidades interessantes. A volatilidade é o elemento mais importante do na formação do preço de um «warrants», que será superior quanto maior for a volatilidade.

Grande aceitação do investidor nacional

Este produto financeiro representa uma alternativa excelente para investidores particulares dado que permitem diversificar investimentos, em termos sectoriais e regionais, possibilitando aceder a grandes empresas internacionais directamente na Bolsa nacional (Cisco Systems, Telefónica ou o Nasdaq 100).

Com o alargamento da gama de produtos disponibilizados e com o aprofundamento do conhecimento dos investidores sobre as características dos «warrants», impulsionado pelas diversas acções de formação que as entidade emitentes têm fornecido, espera-se «um alargamento no número de investidores que utilizam os “warrants” como um alternativa eficiente de investimento» referiu Sofia Sampaio.

A possibilidade de beneficiar tanto das subidas como das descidas dos mercados com um investimento inicial reduzido, a simplicidade da negociação, como a de outros valores mobiliários, e a grande liquidez deste activo garante ao investidor uma total transparência de preços.

Segundo dados do Citibank, transaccionaram-se desde 25 de Outubro de 2000, aproximadamente 309 milhões de euros (62 milhões de contos), dos quais 59%, ou seja, 181 milhões de euros (36 milhões de contos), são referentes aos «warrants» do Citibank. A SG reclama uma quota de mercado de 50% em volume de transacções.

CMVM alerta para desconhecimento dos investidores

Recentemente a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), preocupada com o desconhecimento dos investidores nacionais do funcionamento do mercado de «warrants», emitiu recomendações para a necessidade de aconselhamento dos investidores sobre este tipo de investimento. A entidade reguladora pretendeu alertar e consciencializar os investidores, dos elevados riscos associados ao investimento em «warrants» e da necessidade imprescindível de conhecimentos técnicos na matéria, direccionado sobretudo aos particulares, que representam cerca de 90% do volume de negócios realizado.

Além das recomendações, a entidade que supervisiona o mercado nacional emitiu ainda quatro conselhos aos investidores: não concentrar o investimento num único «warrant», não investir em «warrants» o dinheiro necessário para manter o nível de vida e não os adquirir a crédito, consultar profissionais ao realizar os investimentos e recorrer à CMVM para esclarecer eventuais dúvidas.

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