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FTX processa Binance e o seu ex-CEO em 1,8 mil milhões de dólares
Na ação, é citada uma transação datada de 2021 na qual a FTX recomprou à Binance, ao seu ex-CEO e outros investidores uma participação de 20% na plataforma cripto e uma participação de 18,4% numa entidade do grupo FTX com sede nos EUA.
A FTX, plataforma cripto que entrou num processo de proteção contra credores no final de 2022, avançou agora com uma ação contra a Binance – a maior plataforma de criptomoedas do mundo – e o seu ex-CEO, Changpeng Zhao, de acordo com a Bloomberg. Em causa está uma alegada transferência fraudulenta de 1,8 mil milhões de dólares (cerca de 1,679 mil milhões de euros ao câmbio atual), feita em julho de 2021, pelo cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried.
Tanto o antigo CEO da Binance como membros executivos da plataforma terão recebido os fundos como parte de um acordo de recompra de ações feito com Sam Bankman-Fried.
Na ação colocada este domingo junto do tribunal de Delaware, é citada uma transação datada de 2021 na qual a FTX recomprou à Binance, Zhao e outros investidores uma participação de 20% na plataforma cripto e uma participação de 18,4% numa entidade do grupo FTX com sede nos EUA, a West Realm Shires.
A recompra de ações terá sido financiada pelo braço de investimento do grupo, a Alameda Research, através das criptomoedas nativas de ambas as empresas, a FTT, no caso da FTX, e da Binance USD, uma "stablecoin" emitida pela maior plataforma de criptomoedas do mundo.
A ação é justificada pela administração judicial liderada por John Ray III, pelo facto de na altura a FTX não deter liquidez para avançar com uma operação de recompra de capital. "A Alameda [Research] estava insolvente na altura da recompra de ações e não tinha meios para financiar a transação", pode ler-se na ação citada pela Bloomberg.
O documento chega mesmo a classificar este acordo como uma "transferência fraudulenta imaginativa".
Além disso, a FTX, agora liderada por John Ray III, também acusa Zhao de partilhar uma série de "tweets falsos, enganadores e fraudulentos" pouco antes do colapso da plataforma. A 6 de novembro de 2022, o ex-CEO da Binance afirmou que a empresa pretendia vender os seus tokens FTT - valorizados em cerca de 529 milhões de dólares à época -, o que levou a um "sell-off" deste "token". A Binance já reagiu a esta ação. Fonte oficial da plataforma defende que estas "alegações não têm mérito".
Outrora avaliada em cerca de 32 mil milhões de dólares, de acordo com a CNBC, a FTX desintegrou-se quando não conseguiu acompanhar o elevado número de levantamentos de clientes, o que acabou por desencadear uma queda nos mercados de criptomoedas.
Entre os lesados, há credores com nacionalidade portuguesa. Mais de 100 pessoas coletivas e investidores individuais sediados em Portugal terão perdido pelo menos 6,5 milhões de euros com o colapso da plataforma cripto FTX, conforme apurou o Negócios em agosto do ano passado.