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FMI prepara plataforma global para moedas digitais emitidas por bancos centrais

Numa altura em que o BCE está prestes a terminar o estudo de viabilidade do euro digital e em que outros bancos centrais também avaliam a possibilidade de emitir moedas digitais, o FMI está a trabalhar numa plataforma global que sirva para todas as MDBC. Kristalina Georgieva alerta que sem interoperabilidade este pode ser um projeto que morre na praia, e cujo espaço poderá ser preenchido (em caso de fracasso) pelas criptomoedas.

As novas previsões do Fundo Monetário liderado por Kristalina Georgieva para Portugal seguem as expectativas da Comissão Europeia, de fevereiro.
Shawn Thew/Epa
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) está a trabalhar na criação de uma plataforma global, onde se cruzem todas as moeda digitais emitidas por bancos centrais (MDBC, na sigla em português) em todo o mundo, avançou a diretora-geral da organização, Kristalina Georgieva, citada pela Reuters.

O objetivo é assegurar a interoperabilidade, que pode ser evitada pelo facto de cada Estado deter uma moeda digital própria.

"As MDBC não devem ser propostas fragmentadas. Para haver transações mais rápidas e eficientes, precisamos de sistemas que conectem os países, precisamos de interoperabilidade", sublinhou Kristalina Georgieva, durante uma conferência organizada por bancos centrais africanos, em Marrocos.

"Por esta razão, no FMI começámos a trabalhar no conceito de uma plataforma global de MDBC", revelou a diretora-geral do FMI.

Além disso, o FMI quer que os bancos centrais cheguem a acordo sobre um enquadramento regulatório comum, que permita uma interoperabilidade global. A diretora-geral da organização deixou claro que se os bancos centrais fracassarem nesta matéria, a lacuna será preenchida por criptomoedas.

A diretora-geral do FMI frisou ainda que as MDBC e criptomoedas devem ser suportadas por ativos, considerando mesmo que, quando isso acontece, as criptomoedas são uma oportunidade de investimento. Já quando esta correlação não existe, colocar dinheiro em cripto é um mero "investimento especulativo", defende Kristalina Georgieva.

Paralelamente, caso os bancos centrais optem apenas por centralizar no ordenamento interno "não recorrem à utilidade plena das MDBC", considera Kristalina Georgieva.

A diretora-geral do FMI lembrou ainda que o recurso às MDBC pode ajudar a promover a inclusão financeira e tornar mais baratas as remessas enviadas para as economias nacionais a partir do estrangeiro. 

Atualmente, o custo médio das transferência é 6,3% do seu montante por ano, ou seja, 44 mil milhões de dólares anualmente.

114 bancos centrais querem a sua moeda no mundo virtual 

Segundo os números do próprio FMI, 114 bancos centrais estão a explorar o lançamento de CBDC e cerca de "10 já estão na fase final" destes projetos.

No caso da Zona Euro, o euro digital encontra-se numa fase de estudo por parte do Banco Central Europeu (BCE), que em outubro decretará se é viável ou não avançar com a versão virtual da moeda única.

Entretanto, e de forma a poupar tempo, a Comissão Europeia já está a trabalhar numa proposta de enquadramento legislativo, que - entre vários pontos regulatórios - vem mudar o Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE), acrescentando ao mandato do BCE o poder de emitir uma moeda digital.

Nos EUA, o projeto do dólar digital ainda está numa fase preliminar de estudo, levada a cabo por várias agências, incumbidas por decreto do presidente Joe Biden, de estudar este assunto. 

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