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"Fatura" do colapso do SVB pressiona contas do JPMorgan, BofA, Citi e Wells Fargo

Os bancos tiveram de pagar uma taxa à Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), no âmbito do colapso do SVB e Signature Bank o ano passado. O Citi chegou mesmo a registar um prejuízo no quarto trimestre.

Brendan Mcdermid / Reuters
12 de Janeiro de 2024 às 14:17
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JPMorgan, Bank of America (BofA) e Wells Fargo viram os lucros serem pressionados pelo pagamento de uma taxa à agência Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) – agência que trabalha pela garantia de depósitos bancários nos Estados Unidos – ainda no âmbito do colapso do Silicon Valley Bank e Signature Bank o ano passado. O Citi chegou mesmo a registar um prejuízo no quarto trimestre, enquanto o banco liderado por Jamie Dimond brilhou, após a margem financeira ter batido um recorde.

Os lucros do JPMorgan Chase registaram uma queda de 15% (ou de 21% excluindo o contributo do First Republic Bank adquirido o ano passado) para 9,3 mil milhões de dólares no quarto trimestre do ano passado, informou o banco do investimento em comunicado. 

A queda é justificada pela instituição financeira liderada por Jamie Dimond com o pagamento de uma contribuição de 2,9 mil milhões de dólares à FDIC na sequência do colapso de alguns bancos regionais norte-americanos no ano passado.

Já a receita cresceu 12% (7% excluindo o First Republic Bank) para 39,9 mil milhões de dólares. A margem financeira somou 19% (ou 12% sem o contributo do First) para 24,2 mil milhões de dólares, tendo assim registado o sétimo trimestre consecutivo de recorde nesta rubrica.

No "guidance" para este ano houve uma surpresa face às estimativas dos analistas que esperavam uma queda de 2% dos lucros, já que o banco de investimento projeta terminar 2024 com um resultado líquido acumulado de 90 mil milhões de dólares. No acumulado do ano passado, os lucros foram de 49,6 mil milhões de dólares.

No segmento da banca de investimento, os "traders" do JPMorgan conseguiram superar as estimativas para as receitas deste segmento, tendo os ganhos de aproximadamente 8% arrecadados com o mercado de "fixed income" mais que superado as perdas de cerca de 8% dos "traders" que operam no mercado de ações.

Os lucros foram  pressionados pelo pagamento de uma taxa à agência Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) – agência que trabalha pela garantia de depósitos bancários nos Estados Unidos – ainda no âmbito do colapso do Silicon Valley Bank e Signature Bank o ano passado.
Também o Wells Frago revelou as contas, antes da abertura de Wall Street, tendo reportado lucros trimestrais de 3,45 mil milhões de dólares, ligeiramente acima dos 3,15 mil milhões de dólares contabilizados no mesmo trimestre do ano passado.

O banco pagou 1,9 mil milhões de dólares da FDIC. Por outro lado, o banco de investimento foi favorecido por um benefício fiscal de 621 milhões de dólares, o que conjugado com a redução dos custos e clima de juros elevados - no âmbito do aperto monetário levado a cabo pela Reserva Federal (Fed) norte-americana - contribuiu para as contas do banco.

A receita cresceu 2% para 20,48 mil milhões de dólares e a margem financeira ficou ligeiramente abaixo dos cerca de 13,43 mil milhões dólares no último trimestre de 2022 para 12,77 mil milhões de dólares no último período do ano passado.

Olhando para os próximos meses, o CEO Charlie Scharf salienta que o banco "continua sensível às taxas de juro e à vitalidade da economia norte-americana", mas mantém-se confiante de que as ações levadas a cabo pela instituição financeira "impulsionarão retornos mais robusto ao longo do ciclo".

O crédito concedido pelo Well Fargo já contabiliza "uma deterioração ligeira", porém "mantém-se em linha com a expectativa" do banco, acrescenta Charlie Scharf.


O Wells Fargo "continua sensível às taxas de juro e à vitalidade da economia norte-americana". Charlie Scharf, CEO do Wells Fargo

Citi regista prejuízo "decepcionante"

Já o terceiro maior banco dos EUA (numa ótica de gestão de ativos), o Citi, registou de um prejuízo trimestral 1,8 mil milhões de dólares, depois de um lucro de 2,5 mil milhões de dólares no mesmo trimestre do ano passado. Já no acumulado do ano, o lucro foi de 9,2 mil milhões de dólares.

O banco justifica este número com o pagamento da taxa de 1,7 mil milhões de dólares à FDIC, além de riscos externos na Rússia e na Argentina, assim como com o próprio processo de reestruturação levado a cabo pela instituição financeira.

A CEO do banco de investimento, Jane Fraser, classificou estes números como "decepcionantes", no entanto acredita que neste processo de reestruturarão a instituição financeira fez "progressos substanciais", para simplificar a sua estrutura.

A CEO do Citi, Jane Fraser, classificou estes números como "decepcionantes", no entanto acredita que neste processo de reestruturarão a instituição financeira fez "progressos substanciais", para simplificar a sua estrutura.


Por sua vez, os lucros do Bank of America no quarto trimestre derraparam 50%, em termos homólogos, para 3,1 mil milhões de dólares. Além de ter pago uma taxa de 2,1 mil milhões de dólares à FDIC, o banco teve de desembolsar 1,6 mil milhões de dólares, relacionados com a transição da taxa interbancária no Reino Unido. No acumulado do ano, os lucros foram de 26,5 mil milhões de dólares.

Além disso, o segundo maior banco dos EUA viu a sua margem financeira cair 5% durante este período para 13,9 mil milhões de dólares, devidos ao pagamentos de juros mais elevados pelos depósitos com saldos mais baixos.

O segundo maior banco dos EUA deveria ter sido um dos maiores beneficiados pelo ambiente de juros elevados, mas o desempenho das suas contas foi afetado face aos pares, já que o banco acumulou dívida com taxas de rendibilidades baixas e maturidades longas durante a covid-19, que entretanto perderam valor, com a escalada dos juros.

Depois do mercado ter conhecido os resultados destes gigantes da banca norte-americana, na terça-feira, é a vez do Morgan Stanley e Goldman Sachs apresentarem resultados, a par de outros nomes da banca regional, como o PNC Financial Services Group.
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