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DBRS: Lucros dos bancos europeus devem abrandar no próximo ano, mas continuarão sólidos
A DBRS antecipa a continuação de resultados sólidos em 2024 na Europa, mas inferiores aos deste ano, "devido à pressão sobre as margens e ao crescimento lento do crédito". O "stress" sobre as famílias deve continuar em países onde os empréstimos com taxa variável são comuns, como Portugal.
Depois de um ano que está a ser marcado por fortes resultados da banca europeia, sobretudo à boleia da subida dos juros diretores na Zona Euro, a DBRS antecipa a continuação de resultados sólidos em 2024, mas inferiores aos deste ano, "devido à pressão sobre as margens e ao crescimento lento do crédito".
"Esperamos que, em 2024, os lucros dos bancos permaneçam robustos, no entanto em níveis mais baixos do que em 2023, devido à pressão sobre as margens, ao lento crescimento do crédito e às despesas e custos relacionados com empréstimos mais elevados", pode ler-se na nota de "research" a que o Negócios teve acesso.
As elevadas taxas de juro devem "continuar a suportar os lucros dos bancos em 2024, sobretudo nos países onde os empréstimos estão a ser reavaliados".
Porém, "dada a recuperação gradual dos juros dos depósitos, há mais bancos a indicarem que atingiram o pico para as margens". Além disso, "o crescimento dos empréstimos na Europa abrandou singnificativamente".
A agência de notação financeira antecipa ainda "uma deterioração gradual da qualidade dos ativos, num contexto de taxas de juros mais altas e de fraqueza na maior parte das economias europeias".
Para a DBRS, o enfraquecimento da economia deverá ter como resultado "um aumento nos custos do crédito e perdas mais elevadas nos empréstimos", numa altura em que "a inflação salarial continua a fazer subir as despesas".
A subida das taxas de juro deverá tornar-se sobretudo "mais visível nas carteiras de empréstimos das empresas", já que, para a agência de "rating", as companhias terão dificuldades em repercutir o aumento dos custos nos preços dos clientes, devido a um potencial recuo da procura.
Já o no caso do crédito concedido aos particulares, também poderá haver situações de "stress" nas famílias, "em países onde o crédito à habitação com taxa variável é comum", salienta a DBRS, dando como exemplos Portugal e Grécia.
A agência de "rating" nota ainda que as melhorias registadas na rendibilidade das instituições financeiras já levaram vários governos a tomar medidas, de forma a tributar os resultados, e menciona os casos de "Espanha, Itália, Grécia e, mais recentemente, Portugal e os Países Baixos".
As margens dos bancos deverão ainda ser pressionadas, na ótica da DBRS, pela decisão do BCE, de reduzir para zero a remuneração paga pelas reservas mínimas obrigatórias das instituições financeiras detidas junto dos bancos centrais.