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Grécia e Draghi levam euro para novo mínimo de 2006 abaixo de 1,19 dólares
A moeda europeia permanece em terreno negativo, pressionada pelos receios com os resultados das eleições na Grécia, que podem conduzir o país à saída do euro e também pela perspectiva de compra de dívida pública por parte do Banco Central Europeu.
O euro está em queda acentuada esta segunda-feira, perdendo cerca de 1% para negociar abaixo de 1,19 dólares. Este é o valor mais baixo desde Março de 2006.
A pressionar a moeda europeia estão essencialmente dois factores: a situação política na Grécia e a maior convicção dos investidores de que o Banco Central Europeu vai avançar para o programa de compra de dívida pública para impedir uma queda nos preços na Zona Euro.
A 20 dias das eleições legislativas gregas intensificam-se as pressões e os alertas para que Atenas cumpra as medidas acordadas com a troika. Caso contrário, o governo de Angela Merkel e de François Hollande já assumiram a possibilidade da Grécia abandonar a Zona Euro.
Esta posição das duas maiores economias do euro surge numa altura em que o Syriza destaca-se como favorito nas sondagens, com mais de 30% das intenções de voto e a três pontos de distância do partido Nova Democracia, do actual primeiro-ministro Antonis Samaras.
O presidente francês François Hollande assumiu esta segunda-feira a necessidade de Atenas "respeitar os compromissos assumidos", independentemente do resultado das eleições, deixando aos próprios gregos a decisão sobre a permanência no euro "porque é uma escolha que só a eles cabe".
A edição online da revista Spiegel noticiou este fim-de-semana que Angela Merkel e o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, mudaram de opinião e agora "consideram sustentável uma saída do país da moeda única, devido a progressos feitos pela Zona Euro desde o auge da crise, em 2012".
O ministro da Economia alemão Sigmar Gabriel, líder do SPD, esclareceu, citado pelo The Guardian, que a actual capacidade da Europa para suster os efeitos negativos da saída grega da Zona Euro explica o "porquê de não podermos ser chantageados e o porquê de esperarmos que o governo grego, independentemente de quem o lidere, cumpra os acordos feitos com a União Europeia (UE)".
A queda da moeda única é também explicada pelas palavras de Mario Draghi, que na sexta-feira sinalizou que o Banco Central Europeu (BCE) vai avançar para o programa de compra de dívida pública com o objectivo de impedir a deflação na Zona Euro.
Numa entrevista concedida ao jornal económico alemão Handelsblatt, o presidente do BCE admitiu que existe o risco de deflação na Zona Euro, afirmando que "os riscos são limitados mas temos que agir contra esses riscos". Nesta entrevista, o italiano Mario Draghi admitiu ainda que "o risco de não cumprirmos o nosso mandato de estabilidade de preços é hoje maior do que era há seis meses".
"É difícil de imaginar algo que possa convencer os mercados que esta não é uma boa oportunidade para vender euros", disse à Bloomberg Robeto Mialich, analista to UniCredit em Milão. "O mercado continua a especular que o BCE vai avançar com um programa de 'quatitative easing' este mês. As eleições na Grécia vão provavelmente complicar a agenda de Mario Draghi", acrescentou.