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Euro avançou para máximos de 2018 contra um dólar pressionado pela reflação

Apesar de 2020 não ficar para a história pelos melhores motivos, as ações tomadas ao nível da UE para uma resposta solidária e robusta à crise pandémica permitiriam ao euro ganhar terreno. Acordo para o pós-Brexit também ajudou a moeda única europeia.

03 de Janeiro de 2021 às 14:00
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A moeda única europeia atravessou com relativo sucesso o difícil ano de 2020, terminando os 12 meses agora concluídos com uma valorização de cerca de 9,5% em relação ao dólar e em máximos de abril de 2018 contra a divisa norte-americana.

Isto depois de dois anos seguidos com saldos acumulados negativos relativamente ao dólar. Ao longo do mês de dezembro, o euro transacionou nos mercados cambiais acima dos 1,20 dólares, uma cotação que não era observada há mais de dois anos.

A contribuir de forma determinante para as subidas recentes do euro estiveram os indicadores económicos que mostram que a retoma vai ganhando robustez na Zona Euro – ainda agora a produção industrial no espaço da moeda europeia superou as estimativas dos analistas – e, em especial, nas principais economias europeias, com a alemã e a francesa à cabeça.

No entanto, os sucessivos reforços do programa de compra de ativos posto no terreno pelo Banco Central Europeu, o acordo entretanto fechado com vista a uma resposta europeia à crise pandémica no valor de 1,8 biliões de euros e o entendimento já formalizado quanto a um acordo de parceria entre a União Europeia e o Reino Unido para o período pós-Brexit são outros fatores decisivos para o euro ter valorizado num ano marcado pela covid-19 e pela consequente deterioração da conjunta económica.

A subida do euro face ao dólar também reflete a convicção dos analistas de que a emissão de dívida conjunta europeia - um passo inédito e até inesperado com vista à mutualização da dívida europeia -, que ajudará a financiar a bazuca financeira, irá reforçar a integração orçamental na moeda única, uma consequência imediata da maior solidariedade vista na reação da União Europeia à crise da covid-19.

Por outro lado, a Bloomberg sublinha que a perspetiva de que o BCE, embora mantendo a taxa de juro diretora em mínimos históricos, não decrete cortes adicionais ao custo do dinheiro também ajudou a apoiar a valorização do euro relativamente às principais congéneres mundiais.


Também a libra acabou por acumular ganhos contra o dólar em 2020 (perto de 3%), embora tenha perdido terreno para o euro no conjunto do ano (praticamente 6%). A divisa britânica foi sendo penalizada pelas dificuldades negociais verificadas nas conversações com vista a um acordo entre Londres e Bruxelas, no entanto acabou por atenuar as perdas para o euro nas últimas semanas em que foi ganhando força um cenário de entendimento para o pós-Brexit.


Dólar perde 7% em 2020
Por seu turno, o dólar desvalorizou cerca de 7% no acumulado de 2020 no índice da Bloomberg que mede o desempenho da moeda norte-americana face a um cabaz composto pelas principais moedas mundiais e que inclui divisas tanto de países desenvolvidos como de economias emergentes.

Sendo certo que 2020 foi um ano difícil para a economia global, e para a maior economia mundial em particular, sobretudo devido aos efeitos recessivos da pandemia, a verdade é que os mercados antecipam uma recuperação económica célere e robusta.

Sinal disso mesmo é que a inflação esperada no longo prazo para os Estados Unidos atingiu, em novembro, o nível mais elevado em 12 meses. A média projetada para os próximos 10 anos está agora acima de 1,8% e a cinco anos supera os 1,9%.

A agência Bloomberg sustenta que este indicador mostra que há uma tendência para uma espécie de regresso aos níveis de inflação verificados na década de 1970 e que há uma convicção generalizada quanto ao regresso a uma reflação global. Por reflação entende-se medidas de ordem monetária ou fiscal para estimular a economia, onde se integra a possibilidade antecipada de injeção de moeda na economia, desde logo nos EUA.

Numa altura em que continua por desbloquear o pacote de estímulos à economia há meses discutido no Congresso dos Estados Unidos, persiste, ainda assim, a perspetiva de haver mais dólares a circular na economia americana, o que acaba por se refletir na redução do valor de refúgio do dólar. Quanto melhor for a perspetiva para a economia, maior a tendência para a depreciação da moeda norte-americana.

Esta tendência para a desvalorização do dólar não só deverá continuar em 2021, como poderá mesmo acentuar-se, isto porque a expectativa generalizada é a de que o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, acentue o carácter expansionista das medidas de estímulo à economia comparativamente com a administração Trump.

Além de surgir, nesta fase, em mínimos de abril de 2018 face às principais moedas, o dólar está em mínimos de mais de cinco anos contra o franco suíço.

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