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A tempestade chinesa que arrasou com as moedas dos emergentes
A desvalorização acentuada do yuan, fazendo aumentar os receios de um abrandamento da economia chinesa, está a ter uma forte repercussão nos mercados. Criou uma tempestade que está a arrasar com os mercados emergentes.
O Banco Popular da China apostou na desvalorização do yuan face ao dólar. A maior em duas décadas que, explicou, teve como objectivo condicionar menos a sua evolução e, assim, deixar a moeda reflectir a tendência do mercado. Mas a decisão surgiu poucos dias após ser conhecido que as exportações chinesas caíram 8,3% em Julho. Uma coincidência temporal que fez os mercados cambiais estremecer. Principalmente os emergentes.
Desde a Ásia à América Latina, vários têm sido os países emergentes cujas moedas têm registado fortes desvalorizações. Uma tendência que não é de agora, mas que a China veio acentuar. E os mais penalizados são, por um lado, os mercados dependentes das matérias-primas e, por outros, os que têm um forte elo comercial com a maior economia asiática e a segunda maior do mundo.
O gráfico acima representado mostra os melhores e piores desempenho das moedas emergentes este ano. Um "ranking" no qual o real brasileiro e o peso colombiano destacam-se pela negativa, em grande parte devido à forte desvalorização do petróleo, que garante uma parte significativa das suas receitas. Mas há ainda lugar para os países com forte ligação à China, como é o caso da moeda malaia (cai 16,10% no ano) e da congénere sul-coreana (-8,69%). Já o tenge do Casaquistão, após o banco central romper com a ligação face ao dólar, afundou quase 19% só na última semana.
"Tem tudo a ver com a vulnerabilidade", explica Hans Redeker, citado pela Bloomberg. O director de estratégia cambial do Morgan Stanley diz que "as maiores vítimas da mudança de política [monetária] são moedas de países com elevada exposição às exportações e com competitividade comercial com a China".
E a economia asiática deverá continuar a penalizar. As perspectivas apontam para um abrandamento do crescimento da China que, a acontecer, terá repercussões globais. É que este país é um dos maiores consumidores mundiais de matérias-primas e, nos últimos anos, tem sido o principal motor do crescimento mundial. Por isso mesmo, vários bancos de investimento já vieram rever em baixa as previsões para a economia global.