O consumo privado em Portugal deverá crescer 2% em 2001, abaixo do aumento de 2,5% registado no ano passado, afirma o Banco Santander Central Hispano (BSCH), num estudo datado de 21 de Maio.

O consumo público deverá apresentar um incremento também de 2% no corrente ano, depois da progressão de 3,7% apresentada no período homólogo.

De acordo com o estudo do BSCH, a procura interna deverá desacelerar nos próximos tempos, com o aumento do nível de poupança dos consumidores, seguindo a tendência iniciada no último ano. O consumo privado também deverá reflectir os efeitos do abrandamento económico no corrente ano.

Segundo a instituição bancária, o produto interno bruto (PIB) português deverá subir 2,5% em 2001, depois de avançar 3,3% no último ano. Para o ano 2002, as previsões do BSCH apontam para um incremento na ordem dos 2,8%.

Relativamente ao investimento, os analistas esperam um crescimento de 3,5% este ano, contra um aumento de 4% no ano passado.

As exportações deverão também registar uma descida do ritmo de crescimento, passando de um aumento de 6,6% em 2000, para uma subida de 5,6% este ano. As exportações deverão apresentar a mesma tendência, ao progredirem 4,5% em 2001, depois de terem avançado 5,1% no ano anterior.

Desemprego cresce para 4,3% em 2001

O BSCH espera que a taxa de desemprego nacional aumente para os 4,3% no corrente ano, depois de situar-se nos 4% no final de 2000, enquanto os salários deverão crescer 4,5%, números que comparam com uma progressão de 3,5% no ano passado.

A instituição bancária sublinhou que Portugal deverá apresentar uma «diminuição na competitividade em 2001, com os salários a crescerem a um ritmo acima da média europeia». No entanto, esta tendência deverá diminuir em 2002, uma vez que o aumento do desemprego deverá levar a menos pressões em termos de reivindicações salariais.

Relativamente à inflação, o BSCH manteve a sua previsão para este ano nos 4%. Em 2000, o índice de preços no consumidor (IPC) nacional registou uma subida de 2,9%, acima da meta traçada pelo Banco central Europeu (BCE), que se situa nos 2%.

BSCH alerta para aumento do endividamento da banca

Os analistas alertaram para o endividamento externo no sector da banca, que representa actualmente cerca de 20% do PIB nacional, quando em 1998 correspondia a 2% do PIB.

Esta situação «representa um grande risco para a economia, devido à vulnerabilidade em que coloca o sector bancário», sendo que caso esta tendência continue, «Portugal corre o risco de enfrentar maiores custos de financiamento», de acordo com a mesma fonte.

O BSCH sublinhou ainda que «os riscos de uma grande crise para a economia nacional baixaram, mas continuam a ser consideráveis», com a inflação e os salários a continuarem a necessitar de uma «correcção».