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BPI: Guerra pelos direitos no futebol pode ter impacto negativo nas acções da Nos
O BPI acredita que a guerra pelos direitos de transmissão dos jogos de futebol vai transferir valor dos operadores de telecomunicações para os produtores de conteúdos.
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O acordo anunciado este fim-de-semana entre a PT Portugal e o Futebol Clube do Porto inflaciona "significativamente" os custos dos direitos de transmissão do clube portista e agrava a guerra por conteúdos desportivos entre as operadoras de telecomunicações, escreve o banco de investimento do BPI numa nota de análise.
O contrato da PT Portugal pelos direitos televisivos da equipa de futebol do Porto nos jogos em casa por 10 épocas "confirma as nossas preocupações em torno de uma guerra por conteúdos provavelmente transferir valor dos operadores de telecomunicações para os produtores de conteúdos", sublinha o BPI.
O negócio, que inclui o patrocínio da camisola e a transmissão no Porto Canal, tem um valor de 457,5 milhões de euros (57,5 milhões de euros acima do valor pago pela Nos pelos direitos televisivos do Benfica). O montante acordado entre a PT Portugal e o Porto "inflaciona significativamente" os direitos de transmissão, na opinião do BPI.
"Continuamos a ter dúvidas se o conteúdo a ser comprado pela Nos [que chegou antes a acordo com o Benfica] e pela Altice vai permitir ser transmitido em exclusividade, mas depois deste movimento acreditamos que ambos os operadores vão tentar fazê-lo", acrescenta o banco de investimento, num comentário ao negócio realizado pela dona do Meo e os Dragões.
O analista Pedro Oliveira antecipa, por isso, que a Nos tenha "uma reacção negativa a esta notícia, na medida em que confirma a dinâmica competitiva negativa no mercado português".
O acordo entre Altice e FC Porto vale mais 57 milhões do que os 400 milhões fechados entre a Nos e o Benfica. O prazo é o mesmo. Mas o que está dentro do pacote não é comparável.
O valor
Benfica e Porto comunicaram acordos com valores distintos. O do Benfica com a Nos vale 400 milhões de euros. O Porto chegou a acordo com a Altice/PT Portugal por um valor global de 457,5 milhões de euros.
Pacote do Benfica inclui jogos e BTV
O valor anunciado pelo Benfica foi mais redondo: 400 milhões de euros por 10 anos de transmissão de jogos em casa e pela distribuição do seu canal BTV. Um preço que será gradual ao longo deste prazo e que não descrimina quanto valem os jogos e o canal. Neste pacote não está incluído o patrocínio das camisolas, que o Benfica vendeu à companhia aérea Fly Emirates, por um valor não revelado. Mas estão incluídos espaços de publicidade no Estádio da Luz e acções de marketing específicas, cujo valor total também não foi divulgado.
Porto vende jogos, camisola e canal
O preço do negócio entre Altice e FC Porto é superior ao do Benfica e Nos, mas inclui direitos diferentes. A começar nos prazos: são 10 anos de jogos em casa a partir de 2018, quando expira o acordo em vigor com a PPTV, de Joaquim Oliveira, que revendeu esses direitos à Sport TV.
O acordo do Porto inclui direitos de transmissão do Porto Canal a partir de Janeiro de 2016, o que é comparável ao acordo da Nos para a BTV. Mas o acordo com a dona da Meo e o Porto inclui o patrocínio das camisolas (que o Benfica tem com a Emirates), não tendo sido descriminado este valor. E entra já em vigor em Janeiro. É a componente específica do acordo que permite apresentar o preço total de 457,5 milhões de euros.