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Analistas: Fusão EDP/Gas Natural seria um “bom passo estratégico” mas não deverá acontecer

A potencial fusão entre a EDP e a Gas Natural seria benéfico para os accionistas das duas empresas, mas a probabilidade de este negócio acontecer agora é limitado, consideram os analistas do BPI. Já o Haitong diz que a EDP é a que mais beneficia da notícia.

A EDP é a cotada que distribui um maior montante em dividendos na bolsa portuguesa. Mas também recebe remunerações das posições de 77,5% na EDP Renováveis e de 5% na REN, que implicam dividendos acima de 38 milhões de euros.
Miguel Baltazar/Negócios
04 de Julho de 2017 às 09:37
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Reuters avançou esta segunda-feira que a Gas Natural está a abordar a EDP para uma fusão entre as duas companhias, numa operação que já foi pensada no passado. A Gas Natural já veio desmentir, enquanto a EDP não fez qualquer comentário.

 

O BPI considera que "as possibilidades de esta operação seguir em frente são actualmente limitadas", mas os analistas desta casa de investimento acreditam que seria "um bom passo estratégico das duas empresas", até porque têm pouca sobreposição de negócios, especialmente depois de a EDP ter vendido a Naturgas em Espanha.

 

Dito isto, o BPI considera que haverá poucas barreiras no que toca a questões concorrenciais, com a conjugação das duas cotadas a dar origem ao terceiro maior operador em Espanha.

 

Do lado dos maiores riscos estão questões políticas, já que a fusão das duas empresas eliminaria uma grande empresa de um dos dois países, o que poderá levar a "interferências políticas", salienta o BPI. Mas o Haitong tem uma posição semelhante, considerando que "seria muito difícil para o Governo português aceitar" esta operação, uma vez que a EDP tem "o monopólio da distribuição de electricidade em Portugal e é, de longe, o maior produtor de electricidade".

 

Apesar de deixarem bem claro que não acreditam que este negócio prossiga, os analistas do BPI consideram que este movimento seria benéfico para os accionistas das duas empresas. Actualmente esta casa de investimento tem uma avaliação de 3,70 euros para cada acção da EDP, quase 26% acima da actual cotação da empresa liderada por António Mexia.

 

"Não estamos completamente surpreendidos com o surgimento de negociações de fusões e aquisições" entre as "utilities" ibéricas, diz o Haitong numa nota publicada esta terça-feira, 4 de Julho, onde é realçado que tem sido defendido por agentes do sector que "este será um ano ‘vintage’ para as fusões e aquisições entre as ‘utilities’ ibéricas.

 

"Tem havido alguns negócios na Ibéria, mas até agora limitados à aquisição de activos de infraestruturas", como por exemplo a venda dos activos de gás por parte da EDP. Ou então compras de participações minoritárias, como o caso da EDP e da EDP Renováveis.

 

"Acreditamos que a racionalidade de um negócio destes pode surgir do desejo da Gas Natural de aumentar a sua exposição às renováveis, mas também para melhorar a sua posição na Ibéria.

 

Não só o seu portfólio de geração se tornaria mais equilibrado como a combinação das duas empresas daria origem a uma companhia muito próxima da Endesa e da Iberdrola no mercado de electricidade ibérico, sublinha o analista Jorge Guimarães do Haitong.

 

Além disso, diz o mesmo analista, "a Gas Natural precisa de reduzir a sua exposição a áreas menos rentáveis, como o fornecimento do gás".

 

O Haitong faz as contas e diz que, tendo por base as estimativas para 2018, os negócios combinados das duas empresas dariam origem a "uma empresa com activos de 90 mil milhões de euros e uma dívida líquida/EBITDA de cerca de 3,5 vezes".

 

O Haitong considera que estas notícias, ainda que tenham sido negadas pela Gas Natural, são potencialmente positivas para a EDP já que "criam um ângulo de fusões e aquisição numa acção fortemente penalizada" nos últimos tempos e cuja "avaliação parece muito barata".


"A EDP perdeu aproximadamente 900 milhões de euros face aos pares espanhóis em valor de mercado desde 2 de Junho, quase o dobro" do impacto potencial relacionado com os CMEC "no pior cenário".

 

Actualmente o Haitong tem uma avaliação de 3,55 euros para a EDP, o que compara com os 2,942 euros a que negoceia esta terça-feira. A recomendação é de "comprar".

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.

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