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Veja quanto pode ganhar com os dividendos das cotadas. Um guia prático com calculadora e calendário

O Negócios preparou uma calculadora para saber quanto pode ganhar com os dividendos que as cotadas vão pagar aos acionistas este ano. Conheça também as datas de pagamento e outras informações num guia que preparamos para a época dos dividendos que está prestes a arrancar.

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(Nota: Este conteúdo será atualizado com as aprovações dos dividendos nas assembleias gerais e as datas de pagamento)
 

 

A época de dividendos da bolsa nacional está em curso, com a EDP a descontar a remuneração esta quinta-feira, 22 de abril. Apesar da pandemia ter reduzido o montante que vai ser pago aos acionistas, muitas cotadas portuguesas continuam a distribuir dividendos atrativos. A rendibilidade média do dividendo das 14 empresas que vão remunerar os acionistas este ano é de 4,8%.

 

Entre as 14 empresas que pagam dividendos este ano, quatro cortaram a remuneração, cinco mantiveram, três subiram e duas retomaram. Os acionistas vão receber 1.925 milhões de euros, menos 14% do que em 2020.

 

São seis as cotadas com "dividend yields" acima da média, com retornos de 5% ou acima, sendo que várias conseguem este desempenho de forma continuada há vários anos.

 

A análise ao "dividend yield" do ano é das mais frequentes para avaliar a atratividade do dividendo, mas a rendibilidade que é calculada através do rácio entre o dividendo por ação e a cotação não deve ser a única forma de aferir os melhores dividendos. Os investidores devem tentar perceber se estes são sustentáveis, olhar para o histórico, para o balanço das cotadas, para as estimativas dos analistas e também para os compromissos assumidos pelas empresas.

 

Para iniciar a análise da estratégia a seguir, fundamental é calcular quanto vai receber com os dividendos das empresas onde é acionista, ou onde pretende investir. Para tal utilize a calculadora do Negócios (disponível em cima). Basta introduzir o número de ações para saber o valor que vai receber, já líquido do imposto de 28% (assumindo que não opta pelo englobamento). Se colocar também a cotação da ação, fica a saber a rentabilidade implícita.

 

 

AS COTADAS QUE PAGAM DIVIDENDOS

 

Veja ao detalhe as cotadas portuguesas que vão pagar os dividendos. Nem todos são certos, pois vários ainda não foram aprovados em assembleia geral. 

Ramada regressa com dois dígitos

Ramada regressa com dois dígitos

Dividendo por ação: 0,60€
Variação: -
Dividend yield: 11%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 15,4 milhões de euros
Payout: 220%

A Ramada foi uma das cotadas portuguesas que optaram por suspender o pagamento de dividendos no ano passado devido à pandemia. Mas em 2021 vai compensar os acionistas, pois a remuneração de 0,60 euros por ação corresponde a uma rendibilidade de 11%. A empresa industrial apresenta assim o "dividend yield" mais elevado da bolsa nacional, sendo mesmo a única que tem um retorno de dois dígitos. O "payout" é também o mais alto do PSI-20, já que vai entregar aos acionistas mais do dobro dos lucros obtidos.

Queda no lucro não trava Nos

Queda no lucro não trava Nos

Dividendo por ação: 0,278€
Variação: 0%
Dividend yield: 9,2%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 143,2 milhões de euros
Payout: 156%

A Nos manteve o valor do dividendo intacto apesar da queda de 35,9% nos lucros de 2020. A estratégia permite à empresa de telecomunicações manter-se no topo dos dividendos mais rentáveis da bolsa nacional, com um "dividend yield" próximo de 10%. Tal como nos anos anteriores, a Nos volta a entregar aos acionistas um valor superior aos lucros obtidos. Em 2020, a cotada tinha cortado a remuneração para investir no 5G, mas agora decidiu manter devido ao "free cash flow" adicional gerado com a venda da Nos Towering.

REN estável há oito anos

REN estável há oito anos

Dividendo por ação: 0,171€
Variação: 0%
Dividend yield: 7%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 114,1 milhões de euros
Payout: 104%

O elevado retorno do dividendo é um dos pontos fortes da história de investimento da REN, tendo sido assim que a empresa de redes energéticas atraiu muitos dos acionistas na oferta pública de venda (OPV) em 2007. A REN cumpriu a promessa e tem mantido a remuneração estável (não mexe há oito anos), permitindo que o "dividend yield" se situe sempre na casa dos 7%. A empresa argumenta que a sua política de dividendos "estável e atraente" é "sustentável", mas será discutida na revisão estratégica que tem lugar este ano.

Sonae aumenta pelo oitavo ano

Sonae aumenta pelo oitavo ano

Dividendo por ação: 0,0485€
Variação: 5%
Dividend yield: 6,1%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 97 milhões de euros
Payout: 137%

A Sonae não é das cotadas mais conhecidas por ser generosa na altura de remunerar os acionistas, mas esta perceção tem vindo a mudar e ganha novos contornos em 2021. A empresa liderada por Cláudia Azevedo é das poucas do PSI-20 que aumentam o dividendo. Acresce que este é já o oitavo ano seguido de subida na remuneração, o que levou o dividendo a apresentar já um retorno acima de 6% e por isso um dos mais elevados da bolsa. A estratégia mais amiga dos acionistas também é visível no "payout", que ficou acima dos 100%.

Sonaecom sobe em linha com lucro

Sonaecom sobe em linha com lucro

Dividendo por ação: 0,097€
Variação: 17%
Dividend yield: 6%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 30,2 milhões de euros
Payout: 50%

Entre as 14 empresas cotadas na bolsa nacional que vão remunerar os acionistas, só três aumentam o dividendo e a Sonaecom apresenta uma subida de 17%. A empresa vai distribuir 30,2 milhões de euros aos acionistas, um aumento de 14% que está em linha com o crescimento dos lucros. Ao dividendo por ação corresponde uma rendibilidade de 6%, uma das mais elevadas da bolsa, sendo que, para lá chegar, a Sonaecom apresenta um dos "payouts" mais baixos: "apenas" metade dos lucros será entregue aos acionistas.

Navigator nos 5% apesar de corte

Navigator nos 5% apesar de corte

Dividendo por ação: 0,14€
Variação: -50%
Dividend yield: 5%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 100,5 milhões de euros
Payout: 92%

A Navigator habituou os acionistas a dividendos generosos, entregando habitualmente valores superiores ao lucro obtido. Este ano (e para já) é diferente, com a companhia de pasta e papel a cortar a remuneração em 50%, colocando o "payout" abaixo dos 100%. Ainda assim a fabricante de papel continua a fazer parte do lote das cotadas nacionais com um "dividend yield" igual ou superior a 5%. Acresce que a Navigator também habituou os acionistas com remunerações fora da época regular através da distribuição de reservas.

OPA não afeta Semapa

OPA não afeta Semapa

Dividendo por ação: 0,512€
Variação: 310%
Dividend yield: 4,2%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 41,6 milhões de euros
Payout: 39%

Apesar de estar a ser alvo de uma OPA por parte do seu maior acionista (a "holding" da família Queiroz Pereira), a Semapa manteve a política de pagar dividendos. Aos 0,512 euros por ação corresponde um aumento de 310%, que coloca o dividendo da "holding" no mesmo nível de 2019. Apesar de a empresa não entregar nem metade dos lucros aos acionistas, o "dividend yield" é superior a 4%.

Altri reduz com descida de lucros

Altri reduz com descida de lucros

Dividendo por ação: 0,25€
Variação: -17%
Dividend yield: 4%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 51,3 milhões de euros
Payout: 147%

A queda acentuada dos preços da pasta pesaram nos resultados da Altri, levando a empresa a reduzir o valor do dividendo, tal como já tinha optado por fazer em 2020. O corte este ano é de 17%, para 0,25 euros por ação, ainda assim uma redução inferior à registada nos lucros do ano passado (65%). Para atenuar o corte na remuneração, a empresa liderada por José Pina subiu o "payout" para perto de 150%, entregando aos acionistas 51,3 milhões de euros. No ano passado, o dividendo tinha descido para 0,30 euros (0,72 euros em 2019).

EDP entrega mais de 750 milhões

EDP entrega mais de 750 milhões

Dividendo por ação: 0,19€
Variação: 0%
Dividend yield: 3,7%
Estado: Paga a partir de 26 de abril
Remuneração total: 753,5 milhões de euros
Payout: 94%

A EDP é, de longe, a cotada portuguesa que paga o maior valor em dividendos aos acionistas. A remuneração de 753,5 milhões que será entregue a partir de 26 de abril representa quase 40% do total dos dividendos do PSI-20. Apesar dos altos e baixos nos lucros nos últimos anos, desde 2016 que o dividendo é o mesmo (0,19 euros por ação). Em 2021 a elétrica aparece mais abaixo no "ranking" dos dividendos mais rentáveis do PSI-20 ("yield" abaixo de 4%) porque as ações registaram um bom desempenho no ano da pandemia.

Galp Energia paga apesar de prejuízo

Galp Energia paga apesar de prejuízo

Dividendo por ação: 0,35€
Variação: -50%
Dividend yield: 3,7%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 290,2 milhões de euros
Payout: não aplicável

A pandemia foi particularmente penalizadora para as petrolíferas em 2020, sendo que no caso da Galp Energia o resultado líquido foi mesmo negativo. Ainda assim, a companhia que agora tem Andy Brown como CEO vai pagar um dividendo de 0,35 euros, o que corresponde a um corte de 50%. Apesar dos prejuízos de 42 milhões em 2020, a Galp vai pagar 290 milhões aos acionistas. Uma remuneração que permite uma rendibilidade de 3,7%, ainda assim atrativa porque as ações perderam um terço do valor desde o final de 2019.

Dividendo dos CTT longe do passado

Dividendo dos CTT longe do passado

Dividendo por ação: 0,085€
Variação: -
Dividend yield: 2,4%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 12,8 milhões de euros
Payout: 76%

Quando foram para a bolsa em 2013, os CTT acenaram com o um dividendo atrativo para captar investidores. Mas a quebra na atividade tornou a política de remuneração insustentável, levando a companhia a cortar o valor dos dividendos a partir de 2017, o que contribuiu para a queda acentuada no valor dos títulos. No ano passado, a empresa de correios optou mesmo por suspender o pagamento devido à pandemia. A remuneração regressa este ano, com um dividendo que é inferior a um quinto do que foi pago há quatro anos.

JM baixa em linha com queda no lucro

JM baixa em linha com queda no lucro

Dividendo por ação: 0,288€
Variação: -17%
Dividend yield: 2%
Estado: Paga a partir de 6 de maio
Remuneração total: 181,2 milhões de euros
Payout: 58%

A Jerónimo Martins é das cotadas portuguesas com a política de remuneração aos acionistas mais clara. A companhia distribui "entre 40 e 50% dos resultados consolidados ordinários ajustados dos efeitos contabilísticos da adoção da IFRS 16". Como os lucros de 2020 caíram 20% para 312 milhões de euros, a retalhista baixou a remuneração em 17%, para 0,288 euros por ação, num total de 181 milhões de euros. A esta remuneração corresponde uma rendibilidade de 2%, que é das mais baixas entre as empresas do PSI-20.

Corticeira volta a manter dividendo

Corticeira volta a manter dividendo

Dividendo por ação: 0,185€
Variação: 0%
Dividend yield: 1,8%
Estado: Para aprovação em AG
Remuneração total: 24,6 milhões de euros
Payout: 34%

A queda nos lucros em 2020 não afetou o dividendo da Corticeira Amorim, que manteve a remuneração em 0,185 euros por ação. Desde 2016 que a líder mundial do setor entrega 24,6 milhões de euros aos acionistas referentes à atividade, sendo que em vários anos paga depois um dividendo extraordinário através da distribuição de reservas livres. Tal não aconteceu no ano passado, devido ao impacto da covid-19, que ditou uma descida de 14% nos lucros. O valor a distribuir este ano representa um terço dos resultados de 2020.

EDPR entrega 13% dos lucros

EDPR entrega 13% dos lucros

Dividendo por ação: 0,08€
Variação: 0%
Dividend yield: 0,4%
Estado: Paga a partir de 12 de maio
Remuneração total: 69,8 milhões de euros
Payout: 13%

A EDP Renováveis vai para o oitavo ano seguido a pagar dividendos, embora a remuneração aos acionistas não seja claramente um dos atrativos da empresa em bolsa. Dos lucros de quase 500 milhões de euros que a EDP Renováveis obteve em 2020, vai pouco mais de 10% para os acionistas. Este ano a companhia de energias renováveis volta a pagar 0,08 euros por ação, o que traduz uma rendibilidade de 0,4%. O "dividend yield" sempre foi baixo, mas o deste ano é também penalizado pelo forte desempenho das ações no último ano.

 

A IMPORTÂNCIA DO CALENDÁRIO

 

As datas em que as cotadas pagam os dividendos são outro fator fundamental para os investidores. Várias das cotadas já viram os seus acionistas aprovarem o valor a pagar e estão agora a anunciar as datas em que vão colocar o dinheiro à disposição dos investidores.

 

Mais do que a data do pagamento do dividendo, o que é relevante é a data de ex-dividendo, ou seja, quando a ação passa a negociar em bolsa sem direito à remuneração.

 

Para receber o dividendo de uma empresa, é necessário manter o título em carteira até ao dia anterior à entrada em ex-dividendo. No dia em que desconta o dividendo, a cotação ajusta em baixa o valor da remuneração. Contudo, o ajuste não é automático e será o mercado a ditar a cotação ex-dividendo da empresa.

 

Os investidores de dividendos de curto prazo seguem a estratégia de entrar numa ação antes do período de ex-dividendo, esperar que a cotação não ajuste na totalidade o valor da remuneração e vender o título pouco tempo depois.

 

Daí ser muito relevante estar a par das datas de pagamento de dividendo, que pode conferir no calendário em baixo que será atualizado sempre que forem conhecidas novas datas.


GLOSSÁRIO

O que é o dividendo? 

É a fração dos lucros da empresa cotada que é distribuída aos investidores. Normalmente, quando uma empresa obtém lucros num exercício, distribui, no ano seguinte, uma parte desses aos detentores de ações, sendo o valor proposto pelo Conselho de Administração e votado em Assembleia Geral.

  

Quanto pago de imposto? 

A carga fiscal sobre os dividendos está em 28%, sendo o imposto pago na altura em que recebe a remuneração. Pode optar antes pelo englobamento, incluindo este rendimento na sua declaração de IRS, mas esta opção só é favorável caso a sua taxa de imposto seja inferior a 28%.  

 

Qual a diferença entre dividendo complementar e intercalar? 

O dividendo intercalar é aquele que é pago quando ainda decorre o exercício a que este diz respeito. O dividendo complementar é o que é pago no final do período a que se referem os resultados. Em Portugal, a Galp opta por dividir o pagamento do dividendo em duas fases, já lá fora são várias as que pagam em quatro fases (uma por trimestre).

  

O que representa o "dividend yield"? 

Resulta da divisão do dividendo pela cotação e determina a rendibilidade da remuneração. Apresentado em percentagem, este é um importante indicador da atratividade do dividendo devendo ser comparado, especialmente, com o das cotadas do setor. 

 

O que é o "payout"? 

É percentagem dos lucros que a empresa distribui sob a forma de dividendos. Quanto maior é este rácio, mais atrativa é a política de remuneração da empresa aos acionistas. O "payout" pode superar os 100%, caso a empresa distribua um valor superior aos lucros.

 

Como posso ter direito aos dividendos? 

Para ter direito aos dividendos, terá que ter na sua carteira os títulos antes da data do destaque dos dividendos. As ações entram em ex-dividendo dois dias úteis antes da data de pagamento, sendo que para receber os dividendos basta comprar os títulos no dia anterior à data ex-dividendo, podendo os títulos ser vendidos na sessão em que entram em ex-dividendo. 

 

Quando é que recebo os dividendos? 

A remuneração acionista tende a ser feita entre abril e maio, sendo anunciado o valor a receber pelos investidores aquando da apresentação das contas do último exercício, ou nas semanas seguintes. Os dividendos são creditados na conta bancária do investidor, sendo o valor já líquido de impostos (a menos que opte pelo englobamento).

 

O que acontece às ações? 

No dia em que as ações entram em ex-dividendo passam a negociar sem direito à remuneração acionista. No mercado, os títulos das empresas ajustam negativamente de forma a refletir o valor do dividendo. A queda do valor das ações não tem obrigatoriamente de ser na mesma proporção do dividendo, sendo o mercado a determinar qual a cotação das mesmas após o destaque da remuneração.

 

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