Notícia
Wall Street afunda e entra em "bear market"
O mais longo "bull market" da história das bolsas norte-americanas terminou hoje. O impacto económico do coronavírus continua a afastar os investidores das ações, que preferem ativos mais seguros, como a dívida soberana. O facto de Trump não ter anunciado estímulos concretos para combater os efeitos do vírus oriundo da China pesou ainda mais no sentimento dos investidores, tendência que se agravou assim que a OMS elevou o Covid-19 ao grau de pandemia.
Terminou esta quarta-feira, 11 de março, o mais longo "bull market" da história de Wall Street, que durava desde 9 de março de 2009. Ou seja, há 11 anos.
E foi muito rápida a queda das praças do outro lado do Atlântico: há menos de um mês marcavam máximos históricos e hoje já caem mais de 20% face a esses valores, isto no que diz respeito ao Dow e ao S&P 500.
O Dow Jones fechou a perder 5,85% (1.464,63 pontos - a segunda maior queda em pontos da sua história) para 23.560,85 pontos, tendo sido o primeiro dos três grandes de Wall Street a entrar em "mercado urso". Isto depois de marcar o valor mais elevado de sempre no passado dia 12 de fevereiro.
O Dow conseguiu retomar ligeiramente, pois assim que entrou em "bear market" a Fed de Nova Iorque anunciou que vai injectar dezenas de milhares de milhões de dólares adicionais no sistema financeiro, na esperança de atenuar as pressões do novo coronavírus.
Logo a seguir ao Dow, foi a vez do Standard & Poor’s 500 ser visitado pelos ursos, mas conseguiu recuperar um pouco e terminou a recuar "apenas" 4,89% para 2.741,39 pontos (19% face ao seu último máximo [que foi histórico], marcado a 19 de fevereiro).
Das 500 cotadas que integram o S&P 500, apenas 10 conseguiram fechar em terreno positivo.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite mergulhou 4,70% para 7.952,05 pontos, e foi o único que não chegou a estar em "bear market".
Quando temos um mercado urso, significa que o ativo em causa está a perder pelo menos 20% desde os últimos máximos.
O presidente norte-americano esteve na segunda-feira à noite em reunião na Casa Branca a analisar possíveis medidas de estímulo da economia, o que deu algum impulso ao petróleo e aos índices norte-americanos na negociação fora de horas dos seus contratos de futuros.
Entretanto, na negociação regular de terça-feira, apesar das quedas intermédias – numa nova jornada de grande volatilidade –, os principais índices bolsistas norte-americanas fecharam no verde, depois de Donald Trump falar em medidas adicionais para conter os efeitos do coronavírus na economia.
Contudo, uma vez que o chefe da Casa Branca não concretizou essas medidas – aludiu-se à proposta do presidente dos EUA de reduzir até às eleições de novembro os encargos fiscais que as empresas têm com os seus trabalhadores –, hoje o otimismo esmoreceu e as quedas foram significativas.
A tendência agravou-se significativamente a meio da tarde, assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou este novo coronavírus como uma pandemia.
Pelas 19:45 de Lisboa, Trump anunciou que iria fazer uma declaração sobre o Covid-19, o que criou uma renovada expectativa – mas sem impedir os ursos de fincarem pé em Wall Street.
As bolsas em Nova Iorque estão a negociar com uma diferença de quatro horas em relação a Lisboa durante três semanas, em vez das habituais cinco horas, devido à mudança de hora ocorrida neste fim-de-semana.