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Tomada de mais-valias coloca BCP sob pressão

O CFO do banco, Miguel Bragança, considerou "normal" a queda das acções, justificando o movimento com a venda de acções compradas mais baratas na operação. Até a acção estabilizar, a negociação deverá permanecer volátil.

Miguel Baltazar/Negócios
10 de Fevereiro de 2017 às 00:01
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A chegada ao mercado de 14 mil milhões de novas acções vendidas no aumento de capital do BCP colocou forte pressão nos títulos. O banco encerrou a valorizar, mas chegou a tombar mais de 6% durante o dia para fixar um novo mínimo histórico. Um comportamento que o CFO da instituição e os especialistas justificam com a tomada de mais-valias por parte de investidores que subscreveram acções em valores mais baixos.

Depois de ter tombado cerca de 17% em dois dias, o BCP voltou a negociar com quedas expressivas. Os títulos estiveram a afundar mais de 6% durante a última sessão, tendo chegado a marcar um novo mínimo em 13,27 cêntimos. Ainda assim, as acções recuperaram e encerraram a avançar 0,48% para 14,67 cêntimos. Esta descida ocorreu no dia em que foram admitidas à negociação as novas acções do aumento de capital, que ficou concluído na semana passada.

"É normal nos aumentos de capital haver muitas oscilações", explicou Miguel Bragança, na sessão comemorativa da entrada das acções, que decorreu na Euronext Lisbon. Para o CFO do banco "quem subscreveu a acção a 9,4 cêntimos é normal que tenha oportunidade para vender" e realizar uma mais-valia.

Paulo Rosa, trader do Banco Carregosa explica que "os investidores detentores de direitos de subscrição subscreveram as novas acções a 9,4 cêntimos de euros", sendo que "muitos investidores compraram direitos entre os 60 e os 70 cêntimos, o que corresponde a comprar novas acções entre os 13,40 cêntimos e os 14,06 cêntimos, logo estes investidores têm um bom ganho e boa parte deles poderá estar a realizar mais-valias".

Cada direito permitia a compra de 15 novas acções, mediante o pagamento de 9,4 cêntimos por cada uma. No entanto, os investidores podiam comprar e vender direitos em bolsa, pelo que o valor investido na operação varia consoante os preços a que estes títulos foram transaccionados.

"Após a ‘triagem’ das novas acções, o título passará a cotar de acordo com os seus fundamentais e o desempenho da economia portuguesa e polaca, aqui devido ao Bank Millennium", antecipa Paulo Rosa. Já Albino Oliveira destaca que "os mercados irão aguardar por notícias relativas à evolução dos resultados do banco, ao ritmo de constituição de provisões  e à qualidade dos activos (ou seja a redução dos activos em incumprimento, em linha com as metas do banco no seu plano de negócios)".

O analista da Patris Investimentos realça ainda que "a evolução do sector financeiro na Europa será importante", uma vez que o banco tende a acompanhar a evolução dos seus congéneres. Determinante será também a evolução da economia portuguesa. "Por melhor que seja um gestor de um banco, será muito difícil obter rentabilidade se a economia desse país não cresce", refere o economista do Banco Carregosa. E, "o facto de o BCP deixar de pagar o elevado montante de juros ao Estado, relativos aos Cocos [cujo reembolso concluiu esta quinta-feira], ajuda mas não é suficiente", remata Paulo Rosa.



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