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"Tempestade perfeita" arrasa lucros da banca de investimento
Vários factores têm pesado nos investidores, desincentivando a negociação. Com um impacto directo nos lucros dos bancos de investimento, estes preparam-se para apresentar acentuadas quedas no primeiro trimestre.
O abrandamento da economia chinesa, os consistentes baixos preços do petróleo e a cada vez menor pespectiva de uma subida dos juros nos Estados Unidos. Este conjunto de factores está a arrasar os lucros da banca de investimento. O sector terá perdido uma média de 25% no primeiro trimestre, naquilo a que os analistas apelidam de "tempestade perfeita". A Europa encabeça os fracos desempenhos, mas a tendência já atravessou o Atlântico, prejudicando os bancos norte-americanos.
Mais de sete anos passaram desde a crise financeira internacional que atirou as contas dos bancos ao charco. As instituições encolheram as estruturas, o mercado sofreu uma consolidação e os lucros regressaram ao sector. A recuperação não foi sentida apenas no segmento comercial, já que a banca de investimento beneficiou da valorização generalizada dos activos no mercado. Mas isso, agora, está a mudar.
Os analistas inquiridos pelo Financial Times antecipam uma queda de 25% nas receitas de negociação, durante o primeiro trimestre, entre os quatro maiores bancos de investimento no Velho Continente - Credit Suisse, Deutsche Bank, UBS e Barclays. Mas o Credit Suisse, por exemplo, já admitiu que no seu caso terá sido ainda pior. Estas terão afundado entre 40% e 45% no período.
Os bancos europeus foram atingidos por uma "tempestade perfeita" de preocupações em torno da China, do petróleo e do crescimento mundial, disse ao Financial Times Kinner Lakhani, analista do Deutsche Bank. Terá sido esta conjugação de factores que afectou a negociação dos investidores e, assim, o lucro da banca. E poderá demorar mais de três anos, explica Huw van Steenis, analista do Morgan Stanley, até que o sector "reduza estruturalmente custos e capital" para lidar com a nova realidade dos mercados.
Apesar de a tendência ser mais acentuada na Europa, dada a menor rendibilidade que tem sido proporcionada pelos activos neste mercado, também as instituições norte-americanas estão a sentir dificuldades. Os analistas inquiridos pelo Financial Times apontam também para uma redução média de 25% dos lucros nos quatro maiores bancos de investimentos dos Estados Unidos – Goldman Sachs, Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America. Mas as estimativas mais pessimistas apontam para uma queda de até 56% no Morgan Stanley, ou de 48% no Goldman Sachs.