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Sonaecom dispara 10% em bolsa com compras de 3 milhões da Sonae

A Sonae já gastou mais de 3 milhões de euros a comprar acções da Sonaecom desde a OPA sobre os minoritários. Juntou, à sua posição, mais de 1,5 milhões de títulos da sua participação. Falta comprar outros tantos para conseguir superar os 90% e ter aprovação garantida para uma saída de bolsa da Sonaecom. Acções fecharam hoje a subir perto de 10%.

22 de Abril de 2014 às 15:11
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A Sonae mantém a sua estratégia de compra de acções da Sonaecom. Depois de o grupo não ter conseguido ultrapassar a fasquia dos 90% dos direitos de voto da empresa na oferta pública lançada aos minoritários em Fevereiro (ficou-se pelos 89,02%), a empresa tem vindo a comprar títulos que poderão levar a superar tal meta. Cumprindo tal objectivo, que sempre foi apontado como provável pelos analistas, a saída de bolsa da Sonaecom poderá ocorrer. O que animou as acções da cotada.

 

As acções da empresa liderada por Ângelo Paupério (na foto) fecharam a avançar 9,52% em bolsa, negociando nos 2,30 euros. Foi o valor mais elevado da sessão e também a cotação mais alta do mês de Abril. Na semana passada, já tinham subido 12%.

 

A variação desta terça-feira, 22 de Abril, ocorre depois de, na quinta-feira à noite (já depois do fecho da última sessão antes das pausas para as celebrações da Páscoa na sexta-feira e na segunda-feira passadas), ter sido divulgado um comunicado que mostra que a Sonae continua a comprar títulos da Sonaecom.

 

Na semana passada, foram adquiridas mais de 373 mil acções da antiga detentora da Optimus. “A Sonae passou a deter, directamente, 79.664.069 acções, continuando a ser-lhe imputável, por via da sua subsidiária integral Sonae Investments BV, os direitos de voto relativos a 194.063.119 acções da Sonaecom, tituladas pela sua subsidiária indirecta Sontel BV, assim perfazendo uma imputação total dos direitos de voto relativos a 273.727.188 acções da Sonaecom”, refere o comunicado.

 

Compras de 3 milhões de euros da Sonae

 

O actual capital social da Sonaecom é composto por 311.340.037 acções. Uma posição de 273.727.188, ou 87,92% do capital social, tem Belmiro de Azevedo como último beneficiário (seja através da Sontel, seja através da Sonae SGPS). Depois, 1,79% do capital, ou 5.571.014 títulos, corresponde a acções próprias detidas pela Sonaecom. O restante, equivalente a 32.608.086 títulos ou 10,47%, está disperso em bolsa, o chamado “free float”.

 
Várias mudanças

As mudanças têm sido muitas na Sonaecom. Depois da fusão do seu principal activo (Optimus) com a Zon Multimédia, a empresa ficou esvaziada, estando centrada no negócio de sistemas de informação (WeDo, essencialmente) e em media, com destaque para o jornal “Público”.

 

Nesse sentido, também o conselho de administração diminuiu de dimensão. Antes composto por 11 elementos, o número ficou reduzido a três.

 

No mercado de capitais, a empresa, dado o reduzido capital disperso por investidores minoritários, acabou por deixar de constar do principal índice da Bolsa de Lisboa, o PSI-20. 

 

Tendo em conta que as acções próprias estão esvaziadas de direitos de voto, a posição do capital social atribuída a Belmiro de Azevedo corresponde, actualmente, a 89,5% dos direitos de voto da Sonaecom.

 

Este controlo foi conseguido depois de aquisições em bolsa na ordem dos 3.178 milhões de euros, segundo cálculos do Negócios feitos com os preços médios das compras comunicadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Estas compras foram todas feitas entre 24 de Fevereiro (depois de conhecidos os resultados da OPA sobre os minoritários) e 17 de Abril, num total de pouco mais de 1.530 milhões de acções.

 

São 3 milhões de euros depois de a Sonaecom ter pago 19.631,60 euros aos investidores minoritários para ficar com as suas acções na OPA de Fevereiro - o dinheiro serviu para complementar a contrapartida, que equivalia a acções da Zon Optimus, a empresa resultante da fusão entre Zon e Optimus.

 

Mais 1,46 milhões de acções para os 90% e possível saída de bolsa

 

“Faltam 1,46 milhões de acções para a Sonae atingir os 90%”, relembra a analista da casa de investimento do Banco Comercial Português Alexandra Delgado, na nota de “research” aos clientes publicada esta terça-feira. “Lembramos a perda de qualidade de sociedade aberta da Sonaecom (art. 27º do código de valores mobiliários) tem de ser aprovada em assembleia de accionistas por mais de 90% do capital”, continua.

 

A perda de qualidade de sociedade aberta corresponde, na prática, à saída de bolsa da Sonaecom, ou seja, deixará de ter capital disperso no mercado de capitais (como aconteceu com a Brisa). Tendo mais de 90% dos direitos de voto da Sonaecom, a aprovação de um eventual pedido nesse sentido está garantida. “Neste caso, a Sonae será obrigada a adquirir no prazo de três meses as acções dos accionistas que votem contra a resolução na assembleia”, explica, ainda, a analista do Millennium ib.

 

A unidade de investimento acredita que, essa compra, a acontecer, será concretizada a um preço entre 2,35 euros (a média da cotação dos últimos seis meses) e 2,45 euros (o preço final da oferta da Sonaecom sobre os minoritários). 

 
Minoritários sem direito a dividendos

 

Actualmente, a empresa tem uma porção reduzida do seu capital dispersa em bolsa (pouco mais de 10%). Um número diminuto que acaba por limitar a liquidez. Com menos liquidez, torna-se mais difícil definir um preço estável para a cotada. Aliás, isso tem sido visível, já que a Sonaecom tem registado sempre variações significativas, mais arriscadas para os investidores.

 

Além disso, a empresa tornou-se menos rentável para os accionistas. A antiga detentora da operadora Optimus não vai pagar dividendos relativos aos resultados obtidos no ano passado, como fazia habitualmente.

 

Os minoritários que não venderam as suas acções na OPA só terão retorno do investimento na Sonaecom através da variação das acções em bolsa, não havendo lugar a qualquer remuneração accionista (dividendo) como aconteceu até aqui. Assim, a dependência em relação à evolução no mercado de capitais ocorre numa altura em que o “free float” é reduzido.

(Notícia actualizada com valores de fecho da sessão bolsista desta terça-feira)

 

 

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