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"Short selling" duplica na pandemia e força CMVM a controlo apertado

O relatório da CMVM mostra que o regulador identificou mais de cinco centenas de situações potencialmente anómalas, em 2020.

As finanças sustentáveis são uma das prioridades da CMVM, liderada por Gabriela Figueiredo Dias.
Pedro Catarino
28 de Junho de 2021 às 14:44
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2020 foi marcado por um aumento significativo de situações potencialmente anómalas, que forçaram a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a reforçar o contacto com as entidades emitentes. Grande parte destas situações está relacionada com a tomada de posições curtas no capital das empresas, com estas participações a duplicarem no ano da pandemia.

 

O regulador do mercado de capitais português recebeu 1.031 comunicações relacionadas com posições líquidas curtas modificadas em 2020, quase o dobro das 568 posições comunicadas em 2019, refere o relatório anual da CMVM, divulgado esta segunda-feira.

 

De acordo com o documento, "para este aumento terá contribuído a adoção, a nível europeu, de alterações de procedimentos de supervisão relacionados com os efeitos provocados pela pandemia de covid-19, nomeadamente a descida do limiar mínimo de notificação de posições curtas a cada autoridade competente". No seguimento de uma decisão da ESMA, todas as posições acima de 0,1% têm que ser comunicadas ao regulador (ao mercado apenas são reportados os "shorts" acima de 0,5%).

 

A pandemia forçou o regulador a reforçar o acompanhamento do mercado de capitais, de modo a evitar situações de maior stress provocadas pela crise da covid-19. Ao longo do ano, foram identificadas 526 situações potencialmente anómalas, que resultaram em 93 contactos com entidades emitentes e gestoras.

 

"Monitorizámos em permanência a atuação dos investidores com posições curtas em emitentes nacionais e a resiliência dos mecanismos prudenciais das estruturas de mercado", refere a CMVM no seu relatório. Na conferência de apresentação do documento, a presidente da CMVM realçou, porém, que estas posições "aumentaram de uma forma muito significativa, mas não de forma a causarem problemas".

 

A liquidez dos fundos de investimento foi outro dos temas que mereceu a atenção do regulador, ainda que não tenham existido problemas relacionados com os resgates por parte das gestoras nacionais.

 

Gabriela Figueiredo Dias notou que a gestão de ativos foi "uma das áreas que mais preocupações nos causou, sem que se tenham materializado em problemas". A CMVM monitorizou de forma regular o "risco de níveis de liquidez baixarem a ponto dos fundos não serem capazes de responder a resgates", mas "nada disto se materializou. Houve sim um acompanhamento e uma monitorização diária da CMVM". A qual se mantém.

Em termos de reclamações por parte dos investidores, a CMVM recebeu no ano passado 422 reclamações, o que representa um acréscimo de 5% relativamente a 2019. No entanto, segundo o relatório, "face à média dos últimos 10 anos a descida é de 50% o que se justifica por alterações de procedimento para a apresentação de reclamações, pela saída dos fundos de pensões e unit linked da esfera de competências da CMVM e pelo impacto, em anos anteriores, de situações envolvendo entidades alvo de medidas de resolução (caso do BES e Banif)".

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