George Osborne deslocou-se no início desta semana a Wall Street, mas esta não é a primeira vez que o ministro das Finanças britânico interfere a favor do investimento no país e em defesa do seu sector financeiro. Em 2012, o político defendeu o HSBC na sequência de um caso de lavagem de dinheiro e foi determinante para evitar um processo criminal.

No dia em que Osborne esteve de visita a Nova Iorque, numa acção para acalmar os investidores em relação ao investimento no Reino Unido, foi divulgado um relatório nos EUA, que mostra detalhes do processo que resultou numa multa ao HSBC. De acordo com o documento, o ministro britânico alertou que um processo judicial poderia arrastar o sector financeiro para uma crise a nível global, avança o Financial Times.

O caso em questão diz respeito a um processo em que o banco britânico foi associado a branqueamento de capitais que envolvia terroristas e traficantes de droga. Na sequência destas acusações, o HSBC acordou pagar 1,92 mil milhões de dólares para encerrar o processo mas foi poupado a acusações criminais. 

Caso os EUA tivessem avançado com um processo judicial e o HSBC fosse considerado culpado, o país poderia ter sido obrigado a rever e possivelmente retirar as licenças para negociar nos EUA. Segundo o documento ontem divulgado, Osborne referia que o inquérito poderia destabilizar a actividade do banco a nível global, "com implicações muito sérias para a estabilidade financeira e económica, particularmente na Europa e Ásia".

A mesma carta, enviada a Ben Bernanke, então presidente da Reserva Federal norte-americana, em Setembro de 2012, referia ainda que as autoridades dos EUA tinham recentemente acusado o Standard Chartered por branqueamento de capitais. Um caso que espoletou uma correcção de quase 30% das acções em apenas um dia.

Osborne alegava ainda que os bancos britânicos estavam a ser injustamente visados pelas autoridades norte-americanas. "Não é minha intenção interferir nos procedimentos e acções criminais e regulatórias nos EUA", mas apelava ao apoio de Bernanke para garantir que o processo não tivesse "consequências não-premeditadas".