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Manso Neto: "É um mito que em Portugal não há capital"

Tanto o CEO da Greenvolt como o CEO da Navigator concordam que há capital nos mercados financeiros portugueses para financiar o crescimento das empresas. A líder da Indico Partners contrapõe, contudo, que o cenário é diferente para as startups.

Paulo Calado
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A falta de capital em Portugal é uma "ilusão". Quem o diz é o CEO da Greenvolt, João Manso Neto, e é uma ideia partilhada por António Redondo, homólogo da Navigator - duas das maiores cotadas da bolsa de Lisboa. A Indico Partners alega, contudo, que para as startups o caminho passa pelos EUA.


"É um mito que em Portugal não há capital. Há", disse João Manso Neto, num debate sobre as oportunidades no mercado de capitais, na conferência anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A Greenvolt realizou uma oferta pública inicial a 15 de julho de 2021 e chegou pouco depois ao índice PSI.


Desde então, fez um aumento de capital e duas emissões de dívida (uma para investidores institucionais e outra para investidores de retalho) para financiar a internacionalização, bem como operações de fusão de aquisição. "A Greenvolt não seria o que é hoje sem o mercado de capitais", afirmou.


A Navigator não é tão ativa no mercado acionista, mas realizou igualmente emissões de dívida tanto em 2022 como em 2021. Além disso, António Redondo considera que "o mercado de capitais dá à empresa uma auto-disciplina e uma ‘governance’ importante para competir nos mercados internacionais".


A papeleira está cotada em mais de 30 índices e incluída em mais de 70 fundos de investimento com critérios ambientais, sociais e de governo societário (ESG, na sigla em inglês). "Não só nesta área, mas há capital disponível", disse o líder da Navigator.


O cenário é, contudo, diferente para as startups, segundo Cristina Fonseca, "general partner" da Indico Capital Partners, sublinhando que o setor do "venture capital" é "relativamente novo" em Portugal. Assim, considera que os EUA são um caminho mais natural.


"Um dos principais objetivos de uma startup é ir para a bolsa. Há algum capital [em Portugal] para as fases iniciais, mas para o potencial do mercado é muito pouco para o que seria necessário. Há imensos estudos que mostram que a Europa não tem capital suficiente para financiar as empresas, que acabam por ir para os EUA, acabam por ser listar lá e gerar retorno lá", afirmou.


A "general partner" da Indico Partners defende que o que falta no ecossistema é profissionalismo e incentivos. Este último fator é partilhado pelos dois CEO. António Redondo considera que é preciso criar regimes menos penalizadores para novas empresas no mercado de capitais, "apesar de se criar às vezes uma ideia de complexidade que não é totalmente verdade".


"Quando se quer, tem de se querer", criticou ainda João Manso Neto. "Se queremos fomentar o mercado de capitais, temos que implementar medidas de redução da carga fiscal. Tem de haver medidas discriminatórias positivas", acrescentou, deixando um alerta sobre a dependência do tecido empresarial face à banca: "Se amanhã houver uma redução do número de bancos em Portugal, temos um problema sério".

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