Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Há dois prazos importantes quase a terminar e Wall Street não resiste à pressão

As bolsas dos EUA fecharam em baixa, penalizadas sobretudo pelos receios em torno das conversações comerciais EUA-China. Novos sinais menos apaziguadores deixaram os investidores ansiosos.

Reuters
07 de Fevereiro de 2019 às 21:10
  • ...

O Dow Jones encerrou a ceder 0,87% para 25.169,53 pontos e o Standard & Poor’s 500 recuou 0,94% para 2.706,05 pontos.

 

Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 1,18% para 7.288,35 pontos.

As ações da rede social Twitter negociaram em baixa, depois de a empresa anunciar antes da abertura da bolsa que seguirá os passos da Apple e que, no seu caso, deixará de divulgar os números dos utilizadores mensais ativos. Além disso, avançou uma projeção medíocre para as vendas do primeiro trimestre de 2019 e um crescimento moderado dos utilizadores.

No quarto trimestre, o Twitter teve receitas de 908,8 milhões de dólares, acima dos 867,1 milhões esperados pelos analistas. No entanto, dececionou no ‘guidance’ para o trimestre em curso, ao dizer que estima um volume de negócios entre 715 e 775 milhões de dólares. Os utilizadores mensais ativos caíram de 326 milhões no terceiro trimestre de 2018 para 321 milhões no último trimestre.

 

Além disso, as bolsas do outro lado do Atlântico foram pressionadas também pela crescente ansiedade dos investidores no que diz respeito às conversações comerciais entre Washington e Pequim.

 

Wall Street estava a negociar em ligeira baixa, a sofrer da pressão dos resultados dececionantes do Twitter, mas depois Larry Kudlow, conselheiro económico do presidente Donald Trump, levou a uma deterioração nas bolsas quando disse que os EUA e a China poderão não chegar a um novo acordo comercial antes do próximo mês.

 

O Dow estava a perder 100 pontos e logo após Kudlow falar já afundava mais de 350 pontos.

 

O facto de Kudlow vir dizer que as duas maiores economias do mundo afinal não estão perto de um novo pacto comercial trouxe assim bastante pessimismo ao mercado.

 

Recorde-se que foi em inícios de dezembro passado, durante a cimeira do G20 na Argentina, que os dois países selaram uma trégua de 90 dias, entre 1 de dezembro e 1 de março, que suspende as taxas alfandegárias dos Estados Unidos sobre os produtos chineses e as sobretaxas impostas pela China a viaturas e peças automobilísticas fabricadas nos Estados Unidos.

 

Nessa altura, Pequim comprometeu-se ainda a voltar a comprar soja aos Estados Unidos e a apresentar um projeto de lei para proibir a transferência forçada de tecnologia.

Desde então, a China baixou as taxas alfandegárias sobre veículos importados dos EUA e recomeçou a comprar soja do país. Trump suspendeu o aumento, de 10% para 25%, nas taxas alfandegárias sobre 200.000 milhões de dólares (175.000 milhões de euros) de bens chineses.

 

Tem havido grande expectativa de que ambos os países cheguem a um acordo antes de acabar o prazo das tréguas, pelo que as declarações de hoje de Kudlow não vieram ajudar.

 

O "shutdown" é um outro assunto que continua a preocupar os mercados. A mais recente paralisação dos serviços públicos federais durou 35 dias, de 22 de dezembro a 18 de Janeiro, dia em que Trump e o Congresso chegaram a acordo para pôr fim ao "shutdown" pelo menos durante três semanas (até 15 de fevereiro).

 

O acordo foi conseguido através de um financiamento temporário que permitiu a normalização dos serviços públicos enquanto prosseguem as negociações sobre como garantir a segurança da fronteira dos EUA com o México.

 

Trump ameaçou impor novo "shutdown" a partir dessa data se não lhe dessem o dinheiro que pretende para a construção do muro.

 

O chefe da Casa Branca pretende ver aprovado pelo Congresso (Senado e Câmara dos Representantes) um pacote de 5,7 mil milhões de dólares para o muro que quer construir ao longo da fronteira com o México.

 

Donald Trump tem continuado decidido a usar o seu poder de veto sobre qualquer lei de financiamento federal aprovada no Congresso que não contemple o dinheiro que pretende para o referido muro.

 

Uma possibilidade que surgiu entre os democratas foi a de dar a Trump a maior parte – ou mesmo a totalidade – do dinheiro que o presidente quer, mas que não pudesse ser usado na construção do muro. Ou seja, que contribuísse para reforçar a segurança na fronteira com o México, mas de outra forma: com a aposta em ferramentas tecnológicas, como drones e sensores, bem como com o destacamento de mais agentes da patrulha fronteiriça.

 

Mas o presidente dos EUA continua a dizer que quer esses fundos para construir o muro. E na semana passada veio uma vez mais dizer que, por lei, recorrendo ao estado de emergência nacional, poderá fazê-lo.

Há assim dois prazos importantes a terminar e a luz ao fundo do túnel parece estar longe em ambos os casos, o que cria grande incerteza junto dos investidores - com um reflexo negativo nos mercados.

Ver comentários
Saber mais Wall Street Standard & Poor's 500 Nasdaq Composite Dow Jones bolsa EUA
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio