Notícia
Euronext quer empresas familiares na bolsa. Associação do sector mostra interesse
A Euronext lançou o programa FamilyShare para empresas familiares que ponderem aceder ao mercado de capitais. Segundo a Associação de Empresas Familiares há 30 empresas que reúnem os requisitos.
Depois das tecnológicas, agora é a vez das empresas familiares entrarem no alvo da Euronext. A gestora de bolsa arrancou com o programa FamilyShare, um programa que seleccionará algumas empresas familiares para estarem em contacto com a Euronext, assessores financeiros, jurídicos, de comunicação e com o meio académico. Um dos parceiros do programa é Associação de Empresas Familiares (AEF), que reúne cerca de 300 empresas.
"Temos 300 associados e 30 deles preenchem os critérios para aceder ao mercado de capitais", disse Peter Villax na apresentação do programa FamilyShare. Além da Euronext e da AEF, esta iniciativa conta também com a parceira do CaixaBI; da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira; da EY; da JLM Associados e da Nova School of Business & Economics.
Estas entidades vão seleccionar empresas familiares que possam integrar o FamilyShare. Os contactos com essas empresas para aferir o interesse em integrar o programa serão feitos em breve. A Euronext conta que o FamilyShare comece a funcionar em Abril, com um conjunto de entre cinco a oito empresas.
Serão depois formados grupos de trabalho para as empresas, em conjunto com os parceiros desta iniciativa, terem informação dos procedimentos jurídicos, financeiros e regulatórios necessários para aceder ao mercado de capitais. Um dos pontos em destaque será "o testemunho de empresas familiares cotadas", referiu Pedro Wilton, responsável da Euronext pelo contacto com as empresas.
Empresas familiares "são estratégicas", mas peso na bolsa é baixo
Na apresentação do programa, Maria João Carioca, presidente demissionária da Euronext que trocará a entidade que gere a bolsa pela Caixa Geral de Depósitos, disse que as "empresas familiares" são estratégicas. Defende que tem de se alterar "o preconceito de que as empresas familiares têm dificuldades acrescidas em se posicionar no mercado".
E considera que nas empresas familiares há "questões que podem ser ajudadas pelo mercado de capitais". Explicou que algumas das vantagens têm a ver com a valorização que é dada aos activos, com os temas relacionados com a sucessão e com soluções para a estrutura financeira.
O recurso das empresas familiares ao mercado de capitais é bem mais baixo que o peso destas entidades na economia real. É que, segundo dados revelados por Pedro Wilton, se 60% do tecido empresarial europeu (70% em Portugal) é constituído por empresas familiares, só 20% das cotadas tem essas características.
"O mercado de capitais é uma alternativa de financiamento que não está a ser totalmente utilizada", refere Pedro Wilton. No passado, a Euronext teve programas destinados a PME que não tiveram grande adesão a Portugal. Foi o caso do mercado Alternext, que captou 200 empresas nos mercados em que a Euronext opera, mas apenas três em Portugal.
Realçando que nem todas as empresas familiares são pequenas, Pedro Wilton mostra-se mais confiante com este novo programa. "É a primeira vez que é uma iniciativa que conta com tantos parceiros. E pode haver empresas com dimensão e capacidade para irem para o mercado principal da Euronext".
Empresas familiares terão direito a índice e a casa de "research"
O foco da Euronext nas empresas familiares resultará também na criação de um índice com 90 empresas destas características, independentemente da sua dimensão. Na selecção estarão cotadas nacionais. No entanto, Pedro Wilton não revelou quais, já que o índice será lançado apenas a 21 de Fevereiro.
Outra das iniciativas para dar visibilidade às empresas familiares cotadas será uma parceria com a entidade de análise Morningstar, que emitirá relatórios sobre as cotadas deste tipo, incluindo também empresas familiares portugueses em bolsa que tenham uma capitalização bolsista abaixo de mil milhões de euros.