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Dow Jones atravessa a grande velocidade a passadeira dos 21.000 pontos
Donald Trump fez na terça-feira, 28 de Fevereiro [já madrugada de quarta-feira em Lisboa], o seu primeiro discurso no Congresso dos EUA e agradou aos mercados. Em Wall Street regressou-se aos recordes e o Dow estreou-se em grande no patamar dos 21.000 pontos.
Depois de na terça-feira ter marcado uma interrupção na série de subidas, que ia já em 12 sessões consecutivas, o Dow Jones regressou hoje aos ganhos, a marcar um novo máximo histórico e a estrear-se no patamar dos 21.000 pontos.
Também o S&P 500, Nasdaq Composite e Russell 2000 atingiram recordes, numa altura em que os investidores aguardam mais pormenores sobre a reforma fiscal prometida por Trump e que não foram revelados ontem quando o novo residente da Casa Branca compareceu perante o Congresso.
No seu discurso no Capitólio, o presidente norte-americano instou as duas câmaras do Congresso [Senado e Câmara dos Representantes] a aprovarem um pacote de um bilião de dólares no investimento em infra-estruturas, o que animou os investidores e deu um forte impulso aos títulos industriais, sobretudo da construção, e matérias-primas.
Também o sector financeiro continua bastante optimista, à espera de uma maior desregulamentação por parte desta nova Administração. Na sessão de hoje, os títulos financeiros somaram agregadamente 2,8%, a caminho da maior subida desde 10 de Novembro. O grupo de cotadas da banca que integra o S&P 500 avançou 3,3%, com os 17 títulos todos em alta.
O índice industrial Dow Jones encerrou a valorizar 1,45% para 21.114,53 pontos, naquele que foi um novo recorde de fecho. E isto depois de, durante a sessão, ter estabelecido um novo máximo histórico, nos 21.169,11 pontos.
A 25 de Janeiro, recorde-se, a euforia tinha sido total: o Dow Jones atingia pela primeira vez o mítico patamar dos 20.000 pontos, fechando acima dessa fasquia. Hoje, pouco mais de um mês depois, o índice soma e segue e entrou bem lançado nos 21.000 pontos, já que os superou com grande à vontade.
Também o Standard & Poor’s 500 marcou na negociação intradiária o valor mais alto de sempre na sua história, ao tocar nos 2.400,98 pontos. A jornada foi encerrada também com um recorde de fecho, ao ganhar 1,37% para 2.395,95 pontos.
O tecnológico Nasdaq Composite não foi excepção e terminou o dia a valorizar 1,35% para 5.904,03 pontos. A meio da jornada, não se ficou atrás dos principais congéneres e fixou um máximo de sempre nos 5.911,79 pontos.
Por seu lado, o Russell 2000, índice que agrega as principais "small caps" [empresas com baixas capitalizações bolsistas] encerrou a valorizar 1,98% para 1.414,01 pontos, fixando igualmente o mais alto valor de sempre num fecho de sessão. Durante o dia chegou aos 1.414,81 pontos, estabelecendo assim um novo máximo histórico.
O presidente dos EUA fez um discurso longo no Congresso, não trouxe os esperados detalhes sobre a prometida reforma fiscal, "histórica" e "fenomenal", mas, ainda assim, o saldo foi positivo, segundo a generalidade dos media e comentadores políticos. Foi a surpresa total. Mais pausado, optimista, conciliador e sem discursos de ódio, "Trump tornou-se presidente", como disse um comentador da CNN.
E apesar de os esperados pormenores sobre a reforma fiscal que Trump tem vindo a prometer às empresas não terem sido revelados, isso não retirou optimismo aos mercados.
As bolsas norte-americanas têm vindo a subir fortemente desde que Trump foi eleito, no passado dia 8 de Novembro, mas na terça-feira quebraram um ciclo de 12 subidas consecutivas devido ao clima de prudência por parte dos investidores em antecipação do discurso que era esperado para as 21:00 de Washington [2:00 da madrugada de quarta-feira em Lisboa]. Foi, no entanto, uma quebra de pouca dura.
Com efeito, apesar de ter fornecido poucos pormenores sobre a sua estratégia económica, as bolsas em Wall Street e o dólar reagiram de imediato em alta na negociação fora do horário regular. "O discurso teve o suficiente para manter os mercados satisfeitos por agora", comentou à Bloomberg um estratego da AMP Capital Investors. "Ele não deu grandes detalhes, mas se calhar também não era possível", acrescentou.
Para os mercados financeiros, este discurso assumiu a importância de um debate do Estado da União, sublinhou a Bloomberg. De facto, apesar de não ser considerado um discurso sobre o Estado da União, uma vez que recai no seu primeiro ano de mandato, o discurso inicial junto do Congresso não deixa de ser menos importante para os presidentes na era moderna, acrescentou a agência.
E o voto de confiança dado pelos mercados a Trump é forte: as subidas foram sólidas nesta sessão de quarta-feira e os principais índices de Wall Street voltaram a superar as expectativas.
Desde a eleição de Trump nas presidenciais do passado dia 8 de Novembro, o S&P 500 valoriza 12%. Trata-se da subida mais expressiva após umas presidenciais nos EUA desde que Bill Clinton foi eleito em 1996 [numa base comparável, o índice ganhou 12,8% no mesmo período].
Os bons resultados nesta época de apresentação de contas têm estado também a animar as praças do outro lado do Atlântico. Cerca de 75% das cotadas do S&P 500 que já divulgaram os seus resultados superaram as estimativas dos lucros e perto de 50% reportou receitas acima do esperado.
Os investidores estão também agora mais atentos à Fed. Na sexta-feira, a presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, marcará presença no Club de Chicago, onde falará sobre política monetária. Isto numa altura em que o mercado tenta perceber se haverá subida das taxas de juro a 15 de Março: as expectativas apontam para que sim, com os economistas inquiridos pela Bloomberg a colocarem uma probabilidade de 80% de o banco central dos EUA aumentar os juros directores em 25 pontos base já na reunião deste mês.