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Política de dividendos leva acções dos CTT a cair mais de 4%

A empresa liderada por Francisco Lacerda deixou cair o compromisso de entregar 90% dos resultados aos investidores, uma decisão que, na opinião dos analistas, está a castigar as acções.

Francisco Lacerda, presidente dos CTT, no debate do Estado da Nação no Congresso das Comunicações.
Pedro Elias/Negócios
05 de Março de 2015 às 15:11
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Os CTT anunciaram que vão abandonar o compromisso de entregar 90% dos resultados aos accionistas e a reacção no mercado não se fez esperar. Apesar de a empresa de correios até ter aumentado o valor do dividendo, as acções caíram mais de 4%, com os investidores a manifestarem o seu descontentamento em relação à mudança na política de distribuição de dividendos, dizem os analistas.

 

As acções da companhia liderada por Francisco Lacerda fecharam a cair 4,24%, para 9,25 euros, mas chegaram a cair cerca de 6% durante a manhã, depois de a empresa de correios ter reportado esta quarta-feira resultados que ficaram em linha com as estimativas dos analistas.

 

Mas, não são os resultados em si que estão a fazer mexer os títulos. "Esta desvalorização deve-se à alteração da política generosa de dividendos, cuja distribuição da quase totalidade dos lucros atraiu o interesse dos investidores num contexto de juros baixíssimos", explicou Steven Santos.

 

Também Pedro Lino justifica o mau comportamento dos títulos com a mudança na política de distribuição accionista. "Este desempenho negativo tem a ver primariamente com o corte na remuneração prevista para os próximos exercícios, e a baixa dos dividendos  a partir de 2016", realça o administrador da Dif Broker.

 

CTT baixam "payout"

Os CTT anunciaram que vão pagar um dividendo de 46,5 cêntimos por acção, com base nos resultados obtidos no ano passado. Um aumento de 16,3% face ao anterior, explicado por um ganho não recorrente registado em 2014.

 

No entanto, Francisco Lacerda explicou que a companhia vai abandonar o compromisso que tinha com o mercado de entregar aos accionistas 90% dos resultados gerados pela cotada, ainda que mantenha um "objectivo de crescimento estável e sustentado" dos dividendos.

 

Na prática, a empresa está a reconhecer que poderá não entregar uma percentagem tão elevada dos lucros aos investidores, o que não significa que o valor do dividendo não seja maior, dependendo dos resultados obtidos pela companhia.

 

"No último ano e meio, os CTT ocuparam o lugar deixado vazio por antigos pesos-pesados dos dividendos, como a Portugal Telecom e a banca, e o mercado ajustou hoje o preço da acção a esta nova realidade, em que os CTT querem aumentar estavelmente os dividendos mas sem o compromisso de distribuir 90% dos lucros", acrescenta o gestor da XTB Portugal. 

 

Potencial limitado

Apesar da queda registada na sessão de hoje, os CTT acumulam uma valorização de 15,38% desde o início do ano e têm vindo a renovar máximos históricos ao longo dos últimos meses, um desempenho que esvaziou grande parte do potencial de subida das acções face aos preços-alvo.

 

"Os CTT tiveram uma subida muito agressiva nos últimos meses", destaca Rui Bárbara. Para o gestor de activos do Banco Carregosa, "os resultados foram bons, mas foram ao encontro da expectativa do mercado. Era preciso uma grande surpresa para a acção subir mais". "Como as expectativas eram elevadas, até é natural uma pequena correcção", conclui.

 

Pedro Lino considera que "o forte desempenho das cotações nos últimos meses, fez com que a cotação atingisse muitos dos preços-alvo, pelo que a acção estará menos atractiva". Assim, "são necessários novos catalisadores, como a actualização do plano de negócios relativo ao naco Postal, para que a cotação possa ultrapassar os 10 euros", defende o mesmo responsável.

 

Apesar da alteração à política de remuneração accionista, "que tem sido um dos trunfos dos CTT desde a estreia em bolsa", para Steven Santos, "o mercado continua a reconhecer valor intrínseco às actividades da empresa e aos seus projectos de investimento, mas teve de ajustar o preço à menor distribuição de dividendos". 

 

"Um dos mais elevados ‘dividend yields’ na bolsa portuguesa e a estratégia de crescimento de médio prazo apoiada no lançamento do Banco Postal permanecem suportes à cotação do título", defende o analista da Fincor Albino Oliveira.

 

(Notícia actualizada às 17h00 com o valor de fecho da cotação)

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