Notícia
Direitos da Sonae Indústria caem mais de 50%
Os direitos afundaram 51,6% para 1,21 cêntimos, uma cotação que corresponde a um valor teórico da acção de 1,01 cêntimos. Muito abaixo da cotação das acções, que também caíram, mas que fecharam pouco abaixo dos 3 cêntimos.
No segundo dia de negociação em bolsa, os direitos de subscrição das novas acções da Sonae Indústria voltam a afundar, o que está também a penalizar as acções, embora estas continuem muito acima do preço teórico que resulta da cotação dos direitos.
Os direitos caíram 51,60% para 1,21 cêntimos, depois de ontem terem fechado a sessão a valer 2,5 cêntimos, quando a cotação das acções na véspera apontava para um valor teórico superior a 4 euros.
Durante toda a sessão de ontem os direitos estiveram a negociar com um forte desconto face ao preço das acções da Sonae Indústria, uma situação que volta a ocorrer na sessão desta quarta-feira.
À cotação mais baixa de hoje dos direitos (1,20 cêntimos) corresponde um valor teórico da acção de 1,01 cêntimos. Mas a acção, apesar de também ter fechado em queda (-26,43%), está a cotar num valor muito superior 2,7 cêntimos.
Nas operações de aumentos de capital, os direitos e as acções tendem a negociar em equilíbrio no mercado, algo que está longe de acontecer neste caso da Sonae Indústria. Uma situação para a qual terá contribuído a subida acima de 500% das acções no dia em que já negociavam destacadas dos direitos.
"A subida irracional dos títulos, sobrevalorizando a Sonae Indústria, contribuiu para a valorização substancial dos direitos. A queda [dos direitos na sessão de terça-feira] indica que lentamente os investidores estão a olhar para a realidade da empresa, e alguns aproveitam para não irem ao aumento de capital, vendendo títulos", diz Pedro Lino, administrador da Dif Broker.
Face à cotação em bolsa dos direitos é possível calcular o preço teórico da acção e face à cotação das acções é possível calcular o valor teórico dos direitos. Se a cotação dos direitos aponta para um valor teórico da acção de 1,01 cêntimos, a cotação das acções (2,7 cêntimos) aponta para um valor teórico do direito de 1,821 euros.
Estando os direitos "baratos" face às acções, há um ganho teórico e potencial, com os investidores a poderem comprar direitos para subscreverem acções mais baratas do que elas estão em bolsa, mas este desconto pode representar uma armadilha. É preciso ter em conta que as acções a subscrever no aumento de capital não estão ainda disponíveis. Ou seja, nada garante que estão na mesma cotação quando as novas acções forem entregues aos investidores. E é isso que, diz Pedro Lino, deverá acontecer: "a cotação deverá ajustar de forma mais violenta quando as novas acções entrarem à negociação, anulando estes ganhos teóricos". Outras fontes do mercado contactadas pelo Negócios também acreditam que as acções vão nos próximos dias corrigir para o preço da subscrição das novas acções, ou seja, 1 cêntimo.
A pressão vendedora sobre os direitos explica-se também pelo facto de o aumento de capital implicar um investimento muito maior do que a posição detida por um investidor, levando os accionistas que não querem participar no aumento de capital a vender os direitos em bolsa.
Assumindo como exemplo um accionista com 10.000 acções da Sonae Indústria, para acompanhar o aumento de capital terá que investir 10.714 euros, para uma posição que vale nesta altura 270 euros. Um direito permite subscrever 107,142857142857 novas acções, mediante o pagamento de 1 cêntimo por cada uma.
O período de subscrição do aumento de capital termina a 24 de Novembro e as novas acções devem ser entregues aos investidores a 4 de Dezembro.