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Wall Street afunda 6% com cenário económico sombrio
As bolsas do outro lado do Atlântico fecharam em forte queda, com o Dow Jones e o S&P 500 a caírem na ordem dos 6%, num dia em que imperaram os receios em torno da retoma económica dos EUA e de uma segunda vaga de infeções por covid-19.
O Dow Jones encerrou a afundar 6,90% (1.862 pontos) para 25.128,17 pontos, depois de ter chegado a mergulhar mais de 7%. As suas 30 cotadas negociaram todas no vermelho.
Já o Standard & Poor’s 500 recuou 5,89% para 3.002,10 pontos, naquela que foi a maior queda em praticamente três meses - desde 16 de março, aquando do início do "lockdown" nos EUA, que não registava uma descida tão acentuada numa só sessão.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite, perdeu 5,27% para 9.492,73 pontos.
O sell off em Wall Street foi tão profundo que apenas seis cotadas do S&P 500 conseguiam negociar no verde a meio do dia, e isto por serem vistas como empresas que poderão beneficiar de um estatuto de valores-refúgio no atual contexto, que estimula sobretudo as retalhistas mas não só: Kroger, Netflix, Dollar General, Kimberley-Clark (fabricante dos produtos Kleenex), Walmart e Target.
No fim da sessão, apenas dois títulos se aguentaram em terreno positivo, a retalhista Kroger e a petrolífera Cabot Oil and Gas.
Das 25 cotadas que integram o setor da energia no S&P 500, a Cabot é a única com saldo positivo no acumulado do ano, a ganhar 18,7%.
As perspetivas mais sombrias da Reserva Federal norte-americana para a economia do país levaram os investidores a optar pela prudência, questionando-se sobre se terão impulsionado demasiado o mercado acionista.
Recorde-se que o recente otimismo, intensificado na passada sexta-feira pelos bons dados do mercado laboral, levou Wall Street a fortalecer os ganhos – com o Nasdaq a superar pela primeira vez os 10.000 pontos na sessão de terça-feira [e tendo marcado sucessivos máximos históricos nas primeiras três sessões desta semana] e com o S&P 500 a chegar a ficar com saldo anual positivo.
Agora, a Fed disse prever um longo caminho para a recuperação económica dos Estados Unidos – antecipando uma contração de 6,5% para o PIB este ano. Além disso, antecipa que o desemprego nos EUA possa atingir 9,3% no final de 2020 – e que demorará anos a diminuir.
Hoje foi divulgado que na semana passada houve 1,5 milhões de novos pedidos de subsídio de desemprego.
O banco central liderado por Jerome Powell referiu igualmente que as taxas de juro deverão manter-se em torno de zero durante pelo menos o próximo ano.
Também os dois milhões de casos de coronavírus nos EUA ajudaram ao pessimismo e ao movimento de vendas nas bolsas, já que crescerem os receios de uma nova vaga de contágios no país.
Este aumento do número de casos de covid-19 nos EUA enervou os investidores, já que uma segunda vaga de infeções poderá obrigar muitas empresas a fecharem de novo – quando ainda agora as reabriram as suas atividades.
O secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin, já veio dizer que a economia não irá fechar portas, apesar desta subida no número de infectados, mas não conseguiu sossegar os intervenientes dos mercados.
"Não podemos voltar a fechar a economia. Penso que aprendemos que se fecharmos a economia, vamos criar mais danos – e não apenas danos económicos, mas também noutras áreas", disse Mnuchin numa entrevista na CNBC.