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Verão vai ser calmo nas bolsas ou "impróprio para cardíacos" como estes sete?

1994, 1998, 2001, 2008, 2012, 2015 e 2016. Estes anos dizem-lhe alguma coisa? Pense no Verão. É uma época que costuma rimar com férias e tranquilidade, a fazer jus a uma boa "silly season". Mas não foi o que aconteceu nos mercados durante estes sete verões. E o de 2018 não promete ser melhor.

14 de Julho de 2018 às 10:00
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As tensões comerciais entre os Estados Unidos e meio mundo, com o presidente norte-americano a disparar para todos os lados, tem mantido os mercados em suspenso. Donald Trump tem sido, de facto, um dos "factores" que mais contribuem para a volatilidade nos mercados este ano, à conta das suas medidas proteccionistas, que pretende que sejam unilaterais.

 

Com a sua eleição como presidente em Novembro de 2016, à boleia com as suas promessas de grandes investimentos e benefícios fiscais, houve grandes valorizações nas bolsas, em especial em Wall Street. Mas, acabada a "lua-de-mel", Trump começou a ter um efeito mais amargo nos mercados.

 

O Verão que estamos a viver promete, por isso, muita actividade por parte dos investidores – com a instabilidade política nalguns países e as expectativas em torno da evolução dos juros nos EUA a condimentarem as preocupações dos analistas.

 

O frágil acordo migratório alcançado no Conselho Europeu de Junho também é um risco, sendo que os preços do crude vão igualmente continuar no radar dos investidores - uma vez que vão continuar a ser alvo de pressões altistas devido a factores como as sanções às exportações do Irão e a percepção de que não há capacidade suficiente para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo compensar as perdas de produção de outros exportadores.

 

Enquanto nos questionamos sobre o que por aí virá, o El País compilou sete acontecimentos de tal forma intensos que mudaram verões, tornando o investimento nos mercados "impróprio para cardíacos".

Veja aqui o que aconteceu nos sete verões agitados nos mercados:

Brexit, Junho de 2016

Brexit, Junho de 2016
O referendo realizado a 23 de Junho de 2016 no Reino Unido, que levou os britânicos a votarem pela permanência do país na UE (Bremain) ou pela sua saída (Brexi), ditou o divórcio. O resultado foi inesperado, tendo sido considerado um dos "cisnes negros" desse ano – o outro viria a surgir em Novembro, quando Donald Trump ganhou as eleições presidenciais nos EUA. Os mercados foram apanhados de surpresa com o Brexit, com as bolsas e a libra a afundarem a 24 de Junho. Esta semana, os ventos britânicos voltaram a trazer alguma instabilidade aos mercados, depois de várias baixas no governo de Theresa May. A última delas, aprovada pela mesma, foi a de Boris Johnson, que largou a pasta dos Negócios Estrangeiros, tendo sido substituído por Jeremy Hunt. Antes desta mudança, David Davis, o ministro do Brexit, abdicou da posição, e saiu acompanhado de Steve Baker, o seu número dois. Os ministros demitiram-se por não se reverem no plano para o Reino Unido que May está a delinear para quando o país sair da União Europeia e que aponta para um "soft Brexit".

A China e a desvalorização do yuan, Agosto de 2015

A China e a desvalorização do yuan, Agosto de 2015
A moeda chinesa arrastou as bolsas de todo o mundo no Verão de 2015. Na madrugada de 10 para 11 de Agosto, o Banco Popular da China anunciou a maior desvalorização do yuan desde os anos 90, ao mesmo tempo que flexibilizava a cotação da sua divisa. A decisão fez tremer os mercados, uma vez que os investidores começaram a ter dúvidas sobre a real saúde da economia chinesa. A desvalorização foi entendida como um sinal de preocupante debilidade, como que numa tentativa de evitar que a sua desaceleração após um crescimento em torno de dois dígitos resultasse numa recessão. Praticamente todo o mês de Agosto foi de queda nas bolsas, tendo a sessão de dia 24 sido apelidada de "segunda-feira-negra", uma vez que se viveu "mini-crash". No dia seguinte, a China voltou a intervir para tentar travar a espiral de queda nos mercados e o banco central avançou com o quinto corte de juros desde Novembro de 2014, numa tentativa de estimular a economia. Resultou: as bolsas mundiais dispararam, a corrigirem da pior sessão em sete anos.

A crise da dívida soberana de 2012

A crise da dívida soberana de 2012
O Verão de 2012 ficou gravado na memória dos investidores como o Verão em que mais perto se esteve de ver o projecto do euro fracassar. A pressão sobre a dívida soberana dos chamados países periféricos do euro, com especial incidência numa primeira fase nas obrigações de Itália e de Espanha, começou a ser insustentável. Em Fevereiro desse ano tinha sido aprovado o segundo resgate da troika à Grécia, mas o ponto de maior tensão chegou em finais de Julho. Em Espanha, a nacionalização do Bankia tinha acabado por precipitar o pedido de um resgate para o sector financeiro, até 100.000 milhões de euros, o que não evitou que os juros da dívida disparassem. Só as palavras de Mario Draghi, presidente do BCE, e o seu compromisso com o euro ajudaram a "apagar o incêndio". Portugal, que também teve de pedir ajuda em Abril de 2011, não esteve imune a esta crise. A "má prestação" destes quatro países levou a que os britânicos cunhassem o termo "PIGS" (Portugal, Itália, Grécia e Espanha), tendo mais tarde os apuros na banca irlandesa adicionado mais um "i" a este acrónimo pejorativo.

A queda do Lehman, Setembro de 2008

A queda do Lehman, Setembro de 2008
Com 158 anos de idade, o norte-americano Lehman Brothers anunciava a sua falência a 15 de Setembro de 2008. Foi a gota de água que fez transbordar o copo a crise do crédito subprime [empréstimos hipotecários concedidos a pessoas com fraca capacidade creditícia] iniciada um ano antes. A queda do Lehman foi a primeira peça importante do dominó dos grandes bancos a cair – com muitas outras instituições financeiras a verem-se em apuros devido aos arriscados instrumentos financeiros que usaram e dos quais abusaram [e cuja maioria foi salva, devido à sua importância sistémica, englobando-os numa lista de "demasiado grandes para cair"]. O desmoronar do Lehman contagiou rapidamente a economia, provocando a pior crise de liquidez internacional e colocando as bolsas no vermelho – situação que veio a prolongar-se com o estoirar das bolhas imobiliárias americana, islandesa, irlandesa e espanhola.

O estoiro da bolha tecnológica, 2001

O estoiro da bolha tecnológica, 2001
O Verão de 2011 foi um dos mais complicados para as bolsas, já que, além das tentativas de se fazer face aos efeitos do estoiro das dot.com, juntaram-se em Setembro as consequências decorrentes dos atentados terroristas nos EUA. A queda do índice tecnológico Nasdaq foi superior a 15% entre Julho e Agosto e com o 11 de Setembro o seu desempenho ainda se deteriorou mais – só nesse mês, o Nasdaq afundou 16%.

O efeito vodca de 1998

O efeito vodca de 1998
A crise do rublo – ou o "efeito vodca", como chegou a ser conhecida depois, devido às suas consequências no resto do mundo – atingiu a Rússia a 17 de Agosto de 1998. A sua origem esteve na crise dos países asiáticos de 1997. A forte queda registada nos preços das matérias-primas que afundaram 40% entre 1996 e 1998, agravou a situação. Dada a consequente queda dos preços mundiais das "commodities" – depois de o petróleo ter atingido máximos históricos no início do Verão, nos 147 dólares por barril –, os países que dependiam fortemente da exportação de matérias-primas estiveram entre os mais severamente prejudicados (o petróleo, gás natural, metais e madeira representavam mais de 80% das exportações russas, deixando o país muito vulnerável às oscilações das cotações mundiais. A queda dos preços do petróleo, o recurso que mais receitas fiscais gerava ao governo russo, teve consequências muito nefastas para o país, então presidido por Boris Ieltsin. Mas a causa primordial da crise não foi directamente a queda dos preços do crude, mas a falta de pagamento de impostos por parte das indústrias da energia e fabril. Esta crise traduziu-se numa crise económica que foi marcada por uma forte desvalorização do rublo e pelo incumprimento no reembolso da dívida soberana. Estes acontecimentos provocaram uma forte queda das bolsas a nível mundial.

O efeito tequila de 1994

O efeito tequila de 1994
O chamado "efeito tequila" foi uma crise que assolou o México em 1994 e que se estendeu por toda a América Latina, penalizando fortemente as bolsas da região. Foi provocada pela falta de reservas internacionais (devido à fuga de capitais), o que levou o presidente Ernesto Zedillo a desvalozar o peso mexicano em mais de 50%. Muitas empresas tiveram de encerrar devido à depreciação da divisa, já que os contratos com fornecedores estavam fixados em dólares e com a desvalorização as dívidas aumentaram de forma desproporcionada. O desemprego disparou. O "pacote de resgate" dos EUA (Administração Clinton) e do FMI, no valor de 50.000 milhões de dólares, ajudou o México a amortecer a crise – que obrigou a estabelecer um sistema de flutuação livre do câmbio.




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