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Como Hillary está a tirar saúde às farmacêuticas norte-americanas
As críticas da candidata democrata aos preços "ultrajantes" dos medicamentos praticados pelas farmacêuticas está a afundar as acções do sector. E, caso chegue à Casa Branca, o sector pode ressentir-se ainda mais.
Um tweet foi quanto bastou para provocar um novo abalo nas cotações das farmacêuticas norte-americanas. Tal como já tinha acontecido em Setembro de 2015, Hillary Clinton voltou a manifestar a sua indignação em relação aos preços dos medicamentos, determinando a queda a pique das acções do sector na bolsa dos EUA. E o "ataque" da candidata democrata à presidência dos EUA contra os preços praticados pelo sector não deverá ficar por aqui. Caso Hillary vença as eleições, a única cura para as farmacêuticas poderá mesmo ser baixar os preços.
"O EpiPen pode ser a diferença entre a vida e a morte. Não há justificação para estas subidas dos preços". Foi este o comentário divulgado pela candidata presidencial norte-americana no seu Twitter que espoletou uma correcção superior a 5% das acções da Mylan, a farmacêutica que vende esta caneta de adrenalina injectável para tratamento urgente de alergias. Na origem da crítica de Hillary está o facto do preço de venda do medicamento ter disparado de 100 dólares para os actuais 600 dólares (532,5 euros).
Mas não foram apenas as acções da Mylan – que entretanto já se comprometeu a baixar o preço do EpiPen – que sofreram. O sector das biotecnologias do Nasdaq terminou o dia no vermelho, com os investidores a recearem que uma vitória democrata na corrida à Casa Branca se reflicta numa quebra da rentabilidade do sector farmacêutico. É que esta não é a primeira vez que Hillary demonstra publicamente a sua oposição aos preços implementados pelo sector, "roubando" milhões de dólares ao valor de mercado destas empresas. Além disso, a candidata já se comprometeu a reduzir o preço dos medicamentos caso chegue à Casa Branca nas eleições de Novembro.
Foi precisamente através de outro tweet que Hillary provocou uma queda de 132 mil milhões de dólares no sector farmacêutico norte-americano em apenas alguns dias. A política escreveu um comentário, a 21 de Setembro de 2015, onde colocou a descoberto o preço "ultrajante" do Daraprim. Tal como no caso do EpiPen, também aqui o valor cobrado pelo medicamento disparou após a sua compra. A Turing Pharmaceuticals, uma "start-up" gerida por um antigo gestor de fundos de cobertura de risco ("hedge-fund"), aumentou o preço do Daraprim em 5.000% para 750 dólares, logo após adquirir este medicamento para infecções crónicas causadas por parasitas.
Hillary Clinton
Movimentos que Hillary considera "ofensivos". "É apenas o exemplo mais recente de uma empresa a tentar aproveitar-se dos seus consumidores. É errado que as farmacêuticas coloquem os seus lucros à frente dos seus pacientes, aumentando os preços sem justificação," apontou a candidata numa declaração citada pela agência Reuters. E, ainda que estes dois tweets sejam os casos mais mediáticos, houve outras empresas que foram alvo de críticas por parte de Hillary. Em Janeiro coube à Valeant ouvir a ex-secretária de Estado, depois de a companhia ter aumentado o preço de venda de um medicamento para tratamento de doenças cardíacas.
Comentários que são suficientes para afundar as acções das biotecnológicas e deixar os investidores em alerta. Desde 21 de Setembro de 2015, data do primeiro tweet, o ETF iShares Nasdaq Biotechnology, que replica o desempenho das acções do sector, afunda mais de 15%.