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CMVM: Menos de metade das cotadas da bolsa vai distribuir dividendos
A componente de rentabilidade associada aos dividendos será menor em 2020, fruto do facto de muitas empresas terem cancelado ou cortado a distribuição de lucros pelos seus acionistas.
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Os dividendos representam uma importante fatia da remuneração gerada pelas ações portuguesas, mas estes rendimentos darão um contributo bastante inferior ao dos últimos anos, em 2020. Segundo o Relatório sobre os Mercados de Valores Mobiliários de 2019, menos de metade das empresas irão distribuir dividendos em 2020, reduzindo, por esta via, a rentabilidade do investimento na bolsa.
Poucas são as empresas que mantiveram inalterada a sua política de remuneração acionista. Muitas reduziram de forma significativa, enquanto outras acabaram mesmo por cortar a distribuição de dividendos. Segundo o relatório hoje divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), "menos de metade das sociedades cotadas distribuirão em 2020 dividendos relativos ao exercício económico de 2019".
Esta decisão é justificada por dois motivos, segundo o regulador do mercado de capitais português: a quebra dos lucros face a 2018 e o impacto da pandemia nos seus negócios. "Neste contexto, algumas empresas decidiram reforçar os capitais próprios e assim contribuir para o financiamento da respetiva atividade em situação de crise, o que se traduziu num 'dividend yield' e num 'payout ratio' inferiores aos verificados no ano anterior, embora elevados", sublinha a CMVM.
Esta quebra de rendimentos deverá afetar a remuneração gerada pelas cotadas nacionais, num momento em que a evolução das ações já está pressionada pela pandemia.
Olhando para o passado, os cálculos da CMVM concluem que quem tiver mantido exposição ao PSI-20 entre o final de 2014 e o final de 2019 teria garantido uma valorização de 30,8% do seu investimento, números que comprovam que as ações continuam a ser os ativos mais rentáveis. "Usando como referência o final de 2014, a melhor opção teria sido o investimento num cabaz representativo do índice PSI Geral, que teria permitido uma remuneração acumulada de 31,6% no último quinquénio (embora igualmente com maior risco)", aponta a CMVM
Risco compensa
Apesar do período anterior a 2015 ter sido marcado pela crise financeira e da dívida soberana, assim, como pelo colapso do BES, um acontecimento marcante no mercado acionista português, a CMVM refere que uma carteira diversificada teria conseguido um resultado positivo na última década.
"Em geral os investidores incluem vários instrumentos financeiros nas suas opções de investimento. Tomando como referência a informação sobre os patrimónios financeiros (ativos) do segmento de particulares no final de 2009 e assumindo o investimento de 100.000 euros nessa carteira, no final de 2019 o valor dessa carteira seria de 116.522 euros", calcula o regulador.
"Ou seja, não obstante as perdas de valor ocorridas no segmento acionista e as muito baixas taxas de remuneração recentes dos depósitos bancários, o investidor teria obtido uma rentabilidade média ligeiramente superior a 1,5% ao ano, o que implicaria alterações relevantes na estrutura da carteira, com o aumento da importância relativa dos investimentos em dívida pública", conclui o documento publicado esta quinta-feira.