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“Boom” de estreias em bolsa faz soar alguns alarmes

Num ano em que se preveem muitas estreias em bolsa, em especial nos EUA, já há vários alertas sobre a tempestade que poderá estar a criar-se.

Reuters
28 de Março de 2019 às 14:30
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"Alguém sabe alguma coisa sobre os mercados que você não". É assim que a Businessweek arranca o seu texto sobre a onda de estreias em bolsa prevista para este ano. O Financial Times realça que poderá estar perto uma mudança de sentimento dos investidores. E vários especialistas deixam alguns alertas.

 

Estão previstas cerca de 300 estreias em bolsa este ano nos EUA, segundo os dados da Bloomberg, operações que pretendem angariar 50 mil milhões de dólares.

 

Em causa estão ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) de empresas como a Uber ou a Lyft. Mas também a Pinterest ou a Airbnb. E mais, muitas mais. Estas são apenas algumas das mais conhecidas.

 

A Businessweek realça que este poderá ser um dos melhores anos de sempre em valores arrecadados com este tipo de operações nos EUA. O valor total poderá ascender a 80 mil milhões de dólares este ano, duplicando a média diária desde 1999, de acordo com as previsões que o Goldman Sachs fez em novembro.

 
1999 e 2007 foram anos fortes de IPO e antecederam crises nos mercados
A mesma publicação realça que não há dúvidas que os picos de IPO ocorreram próximo dos máximos do mercado acionista e perto das quedas pronunciadas. 1999 e 2007 são dois bons exemplos. Ambos os anos foram muito fortes em IPO, tendo-se seguido períodos de fortes quedas nas bolsas e na economia.

 

E há mesmo empresas que estão a tentar acelerar os processos, de forma a apanharem a onda positiva dos mercados, numa altura em que os investidores parecem estar recetivos a estas operações.

 

"A escassez de IPO criou procura. Empresas que estavam a pensar realizar operações em julho ou setembro estão agora a pensar sobre o que podem fazer para antecipar" o IPO, realçou ao Financial Times John Chirico, responsável pela unidade de banca de investimento do Citi na América do Norte.

 

"Para as empresas que estão preparadas, o ‘timing’ certo do mercado é mais importante do que o ‘timing’ da empresa", acrescentou o mesmo responsável.

 

Num período em que o mercado está ao rubro, "a confiança está alta e toda a gente está a comprar com pouca preocupação com o preço", realçou à Bloomberg Jim Paulsen, da Leuthold Group. "Do ponto de vista de uma empresa privada, isto parece ser uma ótima altura em para fazer um IPO", salienta. Mas é preciso ter cautelas.

 

O contexto parece nebuloso. A Reserva Federal (Fed) decidiu adiar apenas para 2020 um cenário de eventuais subidas de juros; a curva de rendimentos da dívida americana foi invertida, com os investidores a exigirem taxas de juro mais elevadas a três meses do que a 10 anos – um comportamento que costuma ser associada à aproximação de uma recessão económica …

 

E é neste ambiente que vários unicórnios vão tentar a sua sorte nas bolsas. "É óbvio que os bancos [que estão a gerir estas operações] sussurraram-lhes algo aos seus ouvidos, alertando-os" para a aproximação de uma "seca" depois deste bom momento do mercado, salienta a Businessweek.

 

Apesar do contexto, há quem defenda que a situação atual pode ser diferente das vividas no passado. Isto porque os bancos centrais estão a intervir de forma massiva.

Lyft com estreia prevista para amanhã. Levi’s regressou na semana passada 

A Lyft será a próxima grande estreia em bolsa. O valor do IPO deverá ser conhecido ainda esta quinta-feira e as ações deverão estrear-se já amanhã.

 

A rival da Uber – que também está a preparar o seu IPO – prevê vender ações entre 70 e 72 dólares por ação, o que avalia a empresa em 24,3 mil milhões de dólares. Este valor compara com o intervalo de 62 a 68 dólares inicialmente estimado. 

A Reuters salienta que esta subida do preço reflete o receio dos investidores em falharem o maior IPO dos EUA desde a entrada em bolsa da Snap, em 2017.

 

Na semana passada houve uma estreia, que na verdade foi um regresso à bolsa. A Levi Strauss vendeu 36,7 milhões de títulos a 17 dólares, um valor que superou o intervalo de preços estimado pela empresa (entre 14 e 16 dólares). E estreou-se com uma subida em bolsa superior a 20%. Esta foi a segunda vez que a icónica marca de calças de ganga entrou em bolsa. A primeira operação ocorreu em 1971, tendo sido retirada de bolsa em 1984.

 

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