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Bolsas americanas vivem pior semana da presidência de Trump
As bolsas norte-americanas encerraram em baixa esta sexta-feira, com os investidores a digerirem um aumento acima do esperado da criação de emprego em Janeiro nos EUA, o que intensificou a especulação de que a inflação irá aumentar e levou à continuação da escalada nos juros da dívida soberana.
As praças bolsistas em Wall Street acentuaram as perdas na última sessão da semana, com as maiores descidas percentuais da presidência de Donald Trump – eleito em Novembro de 2016 e investido a 20 de Janeiro de 2017.
O Dow Jones fechou a cair 2,54% (ou 665,75 pontos), para se fixar nos 25.520,96 pontos, naquele que foi o nível mais baixo desde 10 de Janeiro e a maior descida percentual desde Junho de 2016 – no dia seguinte à decisão dos britânicos de saírem da União Europeia (Brexit).
No cômputo semanal, o recuo do Dow foi de 4,2% – o pior desde que mergulhou 6,2% em inícios de Janeiro de 2016. Em pontos, perdeu mais de 1.100, o que não acontecia desde a semana terminada a 10 de Outubro de 2008, quando viu ‘fugirem-lhe’ 1.874 pontos, salienta a Bloomberg.
O Standard & Poor’s 500 seguiu a mesma tendência e recuou 2,12% para 2.762,13 pontos. Na semana, o S&P 500 perdeu 3,7%, naquela que foi a pior performance de segunda a sexta-feira desde inícios de 2016.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite registou uma descida de 1,96%, para 7.240,95 pontos esta sexta-feira. No saldo de cinco sessões, registou a pior semana desde Fevereiro de 2016 ao depreciar-se 3,53%.
A pressionar a negociação em Wall Street esteve uma vez mais a subida dos juros das obrigações, reforçada pelos dados do mercado de trabalho nos EUA em Janeiro, que revelaram um aumento robusto dos postos de trabalho [maior criação de empregos desde 2009], bem como a continuação do movimento de subida dos salários.
Estes dados reforçaram a convicção de que a inflação irá subir, tal como foi avançado esta semana pela Reserva Federal, o que abre caminho a uma nova subida dos juros directores já na reunião de Março do banco central.
Esta perspectiva de aumento da inflação tem estado a levar a uma subida dos juros das obrigações norte-americanas, movimento que penaliza as acções. A dívida dos EUA a 10 anos superou os 2,85% pela primeira vez desde Janeiro de 2014.
Tecnologias em queda, com excepção da Amazon
Os 11 sectores representados no S&P 500 estiveram todos em território negativo, com o tecnológico a apresentar a maior queda (2,3%) – liderada pelas perdas da Microsoft, da Alphabet e da Apple.
A Alphabet (casa-mãe da Google) fechou a cair 5,28% para 1.119,20 dólares, depois de ter reportado ontem, depois do fecho das bolsas, resultados que desanimaram os investidores. A gigante tecnológica, que detém a Google e Youtube, registou no quarto trimestre de 2017 lucros abaixo do esperado pelos analistas.
A contribuir para este desempenho inferior ao esperado estiveram vários factores, como um aumento dos pagamentos aos parceiros de buscas na web, maiores despesas de marketing e problemas no YouTube que pesaram no negócio publicitário durante a época natalícia, informou a empresa liderada por Larry Page.
Também a Apple pressionou o sector tecnológico, fechando a recuar 4,34% para 160,50 dólares, numa altura em que os investidores se mostram preocupados com o panorama débil da fabricante de iPhones para o actual trimestre, já que se fala de uma redução da meta de produção do iPhone X.
Por seu lado, a Microsoft, que apresentou no dia 31 de Janeiro contas trimestrais acima do estimado, hoje negociou no vermelho e encerrou a ceder 2,63% para 91,78 dólares.
Amazon prestes a eclipsar Microsoft
A subida de 2,87% Amazon.com, animada pela subida do seu preço-alvo por parte de inúmeras casas de investimento após ter reportado ontem um forte aumento das receitas, não foi suficiente para dar a volta à performance geral do sector.
Mas, com este desempenho, a capitalização bolsista da Amazon está prestes a superar a da Microsoft, como salienta a Reuters.
Com efeito, a valorização de hoje da empresa liderada por Jeff Bezos elevou o seu "market cap" para 701 mil milhões de dólares, ameaçando eclipsar a Microsoft – que com a queda desta sexta-feira reduziu o seu valor em bolsa para 711 mil milhões de dólares.
O sector petrolífero também esteve a pressionar a negociação em Wall Street, com as acções da Exxon Mobil e da Chevron a descerem 5,10% e 5,57%, respectivamente, depois de ambas as empresas terem reportado lucros inferiores ao esperado no quarto trimestre.