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BCP dispara 10% e supera gigantes da Europa

As ações do BCP seguem em máximos de 10 meses, acompanhando a forte recuperação do setor na Europa. A subida é a mais alta desde novembro, e deixa o banco mais perto de anular as perdas da pandemia.

A bolsa portuguesa viveu o terceiro melhor mês da sua história, ao valorizar cerca de 17% em novembro. BCP, liderado por Miguel Maya, subiu 57,2%.
Mariline Alves
06 de Janeiro de 2021 às 11:54
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A sessão desta quarta-feira está a ser de fortes ganhos para o BCP, que se destaca, por larga margem, com o melhor desempenho entre as cotadas do PSI-20. E não só. Com uma subida em torno de 8,5%, o banco liderado por Miguel Maya supera a performance dos maiores bancos europeus, num dia de fortes ganhos para o setor.

As ações do BCP, que já dispararam um máximo de 10,02% para 14,38 cêntimos, estão agora a subir 8,49% para 14,18 cêntimos, o valor mais alto desde 6 de março, há precisamente 10 meses.

A valorização de dois dígitos é a mais elevada desde que, a 18 de novembro, os títulos chegaram a escalar um máximo de 10,75% durante a sessão.



Este desempenho do BCP acompanha a forte recuperação da banca europeia a que se assiste na sessão desta quarta-feira, impulsionada pela crescente expectativa de uma reconquista do controlo do Senado por parte dos democratas e, consequentemente, de uma maioria do partido em ambas as câmaras do Congresso dos Estados Unidos.

Esta perspetiva da chamada "onda azul" – depois de os democratas já terem assegurado um dos dois lugares no Senado que estavam a ser disputados na segunda volta das eleições na Geórgia – está a levar o mercado a antecipar mais estímulos orçamentais à economia dos Estados Unidos (e possivelmente mais impostos para financiar esses estímulos) uma vez que os democratas terão menos obstáculos para aprovar as suas políticas.

Esse reforço da alavanca orçamental poderá dar novo impulso ao crescimento da maior economia do mundo, o que, por sua vez, já está a mexer com as expectativas da inflação e com os juros das obrigações soberanas nos Estados Unidos e na Europa. Os traders veem agora a inflação dos EUA a atingir uma média de pouco mais de 2% ao ano na próxima década, o nível mais alto desde 2018.

Neste contexto, os juros dos Estados Unidos subiram hoje acima de 1% pela primeira vez desde março, ao passo que na Europa as yields avançam 2 a 3 pontos base no prazo de referência nas principais economias da região.

Esta subida dos juros, juntamente com a melhoria das perspetivas de crescimento – que poderão acelerar a inversão da política de alívio dos bancos centrais – está a animar fortemente o setor da banca, que tem sido fortemente penalizado na sua rentabilidade pelos juros negativos, nos últimos anos.

O índice de referência para o setor na Europa sobe nesta altura 4,37%, e é encabeçado pelo Standard Chartered, que dispara 8,95%. Entre os gigantes da banca, só este supera o desempenho do português BCP (que não faz parte do índice Stoxx Banks), numa lista onde se destacam também o Barclays (7,53%), o HSBC (7,09%) e o ING (6,07%).

A subida do BCP acontece também no dia em que o Negócios revela que o banco pediu a nulidade da contraordenação da Concorrência invocando a ausência de uma análise, feita à luz da mais recente legislação, sobre a alegada troca de informação sensível entre bancos.

Numa nota a que o Negócios teve acesso, o CaixaBank/BPI lembra que a coima de 60 milhões que foi imposta ao BCP neste processo, se aplicada, deverá ter um impacto negativo de 13 pontos base no rácio CET1 da instituição.

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