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Banca portuguesa afunda com impasse político

O acordo político entre os partidos de esquerda está a deixar os investidores expectantes e a levar a uma subida dos juros e à queda acentuada do sector bancário, que lidera as perdas na Europa.

Sara Matos/Negócios
09 de Novembro de 2015 às 14:12
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As acções do BCP estão a deslizar 7,02% para 4,9 cêntimos, tendo chegado a cair 7,95% para 4,85 cêntimos. Já o BPI recua 5,08% para 1,065 euros enquanto o Banif afunda 11% para 0,25 cêntimos.

A queda da banca nacional contraria a tendência das congéneres europeias, numa altura em que o índice Stoxx para a banca europeia está a subir 0,20% para 195,83 pontos, ainda que entre os 46 bancos que compõem este índice 30 estejam em queda. O BCP é o que mais perde. E o segundo que mais cai é o italiano Banca Popolare di Sondrio, ao recuar 1,59% (o BPI e Banif não integram este índice).

A queda mais pronunciada da banca nacional está relacionada com a situação política em Portugal, depois de os partidos de esquerda terem fechado acordos que permitirão ao PS governar com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e do PCP, caso o Presidente da República indigite António Costa primeiro-ministro. Há casas de investimento que admitem que algumas medidas incluídas no programa do PS, que contará com o apoio parlamentar dos restantes países de esquerda, podem ser mal recebidas pelos investidores.

O Rabobank assinala esta manhã que a proposta de programa do PS contém "propostas susceptíveis de irritar os credores oficiais do país".

Este contexto político está a levar a subida significativa das taxas de juro no mercado secundário, com a banca a ser dos sectores mais afectados por este comportamento. A taxa de juro implícita da dívida a 10 anos está a subir 20,1 pontos base para 2,881%, tendo já estado a negociar acima dos 2,9%, o que corresponde ao valor mais elevado desde 13 de Julho. Esta subida eleva para 220 pontos o prémio de risco que os investidores estão a exigir para comprar dívida portuguesa em vez da alemã. Este é o spread mais elevado desde 9 de Julho.

"Claro que o risco é mais elevado do que antes, mas ainda é demasiado cedo para saber o que está para vir" desta situação política, salientou o analista Marius Daheim, da SEB citado pela Bloomberg. "A reacção do mercado, até agora não é excessivo", acrescenta.

O BCP tem ainda um outro factor que está a pesar na negociação e que está relacionado com a Polónia e a legislação que está a ser preparada para a conversão dos créditos de francos suíços para zlotys. O Haitong acredita que o banco polaco do BCP terá de suportar custos de 3,7 mil milhões de zlotys (860 milhões de euros) na sequência do processo de conversão de créditos imobiliários indexados ao franco suíço.

"A 'underperformance' [do BCP] tem a ver com as notícias vindas da Polónia. A intenção é penalizadora para o BCP, o mercado podia estar à espera de medidas não tão fortes, não tão significativas", disse à Reuters Paulo Rosa, corretor da GoBulling no Porto.
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