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Banca portuguesa acompanha perdas do sector na Europa
Depois das fortes perdas registadas na sessão de ontem, a banca nacional voltou a ser penalizada esta terça-feira, com o BCP a cair mais de 4% e o BPI 1,5%. Os bancos acompanharam a tendência do sector na Europa, numa altura em que a incerteza política continua a pesar no seu desempenho.
Os bancos portugueses voltaram a ser penalizados em bolsa esta terça-feira, 13 de Outubro, depois das fortes perdas registadas na sessão de ontem.
O BCP desvalorizou 4,21% para 5,46 cêntimos, depois de ter chegado a perder 8,95% durante a sessão. O banco liderado por Nuno Amado acumula, assim, uma descida de 13,16% em duas sessões. Já o BPI desvalorizou 1,5% para 1,052 euros, elevando para 8,68% a perda acumulada desde o início da semana.
O Banif, por seu turno, encerrou inalterado em 0,37 cêntimos, depois de ter atingido na sessão de ontem um novo mínimo histórico em 0,35 cêntimos.
Os bancos nacionais acompanharam, assim, as perdas no sector na Europa. O índice que reúne os bancos do Velho Continente desce 1,52%. O UBS Group chegou a recuar quase 3,5% durante a sessão, depois de o ministro das Finanças da Suíça ter afirmado que planeia exigir aos maiores bancos do país que tenham capital equivalente a 5% dos activos totais. O HSCB desce 2,14%.
Já na segunda-feira as cotadas do sector financeiro português foram fortemente penalizadas, num movimento explicado não só pela correcção das acções - visto que o BCP subiu quase 40% nas últimas duas semanas, e o BPI mais de 26% - mas também pelo cenário de incerteza política, como explicam os analistas consultados pelo Negócios.
O agravamento das perdas da banca coincidiu com as declarações de António Costa e Catarina Martins na sequência da reunião entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda. O líder socialista assinalou que há margem para aproximar posições" com o BE e Catarina Martins afirmou que estão criadas as condições para um governo liderado pelo PS e apoiado pelo BE. O BCP perdeu 9,34% e o BPI 7,29%.
Albino Oliveira, analista da Fincor, considera que a possibilidade de um governo formado por partidos "tradicionalmente considerados de ‘protesto’" configura um cenário de incerteza, que os mercados financeiros rejeitam. "Os mercados não gostam de incerteza, pelo que é usual incorporarem um maior prémio de risco nesta situação, consequência de um maior risco político devido à incerteza dos investidores perante as medidas que poderão ser implementadas se concretizado esse cenário", concretiza o analista.
A equipa de research do BiG defende mesmo que a formação de um governo à esquerda poderá ser "negativa" para a imagem externa de Portugal junto dos investidores internacionais.
"A redução da austeridade, o aumento do rendimento disponível das famílias e a reposição de feriados poderão deteriorar as condições de financiamento nos mercados de dívida pública, na medida em que os investidores interpretam tal recuo como prejudicial para a redução do défice e do endividamento, além da clara diminuição da competitividade empresarial do país a longo prazo", referem os analistas do Banco BiG. "Se a reeleição da coligação foi recebida com optimismo pelos investidores depois das eleições, é natural que o avanço das forças de esquerda nas negociações motive algum cariz pessimista".